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13 de fevereiro de 2011

Conexões

Ela corria em busca do estranhamento. Queria realmente se conhecer. Imergir e submergir em seu âmago sempre que algo lhe fizesse parar para pensar. Tal como os filósofos quando analisam alguma hipótese, ela não se surpreendia quando uma tese suplantava outra, sem, no entanto, destruí-la. Independente dos meios que usava, suas sensações eram sempre as mesmas. Quase sempre lhe pareciam irreais e seus sentimentos ficavam cada vez mais confusos e desconexos. Tentou criar laços, mas as pessoas com as quais procurou desabafar, trocar um pouco do que percebia da vida, estavam ocupadas demais para isso. Quanto a isso, ela estava pra lá de saturada. Conhecia perfeitamente as artimanhas. Não queria sair compensada. Não podia simplesmente passar por cima de si mesma e correr atrás dessa realização desenfreada do custe o que custar. Era humana e não queria ter que pisar em outros seres vivos para chegar a algum lugar. Não teve outra escolha senão apegar-se à solidão. Firmar sua amizade com o recolhimento. Por mais que fugisse teria que se aceitar daquele jeito: o seu jeito! Fazer as suas meditações, estabelecer as conexões entre as suas opiniões e ir dando tempo ao tempo até encontrar o que ela sempre sonhou, ou seja, um lugar onde pudesse ser ela mesma, em toda a sua incompletude e em toda a sua finitude.

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