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22 de abril de 2015

Instrução para aceitar o domínio

Ou formação para compreendermos os seus fundamentos
E reconquistarmos o que antes fora coletivo?
Quantas razões nós temos para frequentar uma escola desse tipo?
Se quase tudo não passa de obrigações e esnobismos
Se somente nos reconhecem como indivíduos
Capazes de produzir e consumir sem refletirmos
Relegando nossa humanidade em nome dessa pseudo justiça
Quantos valores nós conseguimos admitir?
Se imaginássemos além das nuvens
Se procurássemos por outras fontes
Seria mais fácil encontrar o que nos é recíproco
Se não nos trancássemos nesta redoma de certezas
Talvez os fatos nos surpreenderiam
Faríamos outras representações sobre o convívio
A nossa prática, então, poderia ser bem mais construtiva
Ao invés de redundar nesta empreitada tão infrutífera
Conteúdos para passar num vestibular
Como se uma profissão fosse tudo do que a gente mais precise
Como se essa escravidão voluntária fosse a nossa melhor garantia
Disciplinas que tão pouco prezam pela redescoberta dos sentidos
Dedicam-se a reproduzir os seus misticismos
Transformando potenciais em recipientes de informações
Desprezados por medo de alterarem o estabelecido
Conservando o que muitos já reconhecem como substituível
Disfarçando a realidade
Para garantir um status de superioridade às autoridades
Porque os educandos(as) desconhecem o conteúdo das cartilhas que utilizam
Educação para todos se comprimirem?!
Meritocracia para justificar a ausência de alegria?!
Conhecimento acumulado sem contextualização acaba engessado
Necessitado de fisioterapia
Para readaptar-se e continuar a movimentar-se
Como o universo que segundo a segundo nos desafia
Incentivando-nos a encará-lo sob outras perspectivas
Com qual progresso estaremos comprometidos?
Quanto vale uma boa posição
Nestes lugares onde a vida passa assim tão despercebida?

2 de abril de 2015

Helena

Nós te esperamos
Com os braços abertos
Os corações enternecidos
Como o poeta espera por uma única rima
Como a música que nos engrandece
E comunica
Soando ou destoando da história
Que nós mesmos construímos
Nós apenas começamos
Mas a sua presença já nos inspira
Tal qual o ator que invade o palco
Porque é lá que ele se concebe como indivíduo
Apreendendo-se como existência que significa
E ressignifica os ensinamentos do dia a dia
Querida
São tantas as expectativas
Pela convivência
Pelas alegrias
Pelos desafios
De respeitá-la como vida
Fluindo
Por todos os seus próprios poros
E também pelos nossos,
Filha.

Soberania popular

O que foi visto como solução para a nossa organização
Acabou se mostrando como a própria danação
Precisamos mesmo destes representantes?
Dessa sucessão de governos infames?
Não sabemos o que fazer?
Ou nos acovardamos diante desta insana convenção?

Quantos tributos pagos
Cobrados pelos nobres
Para benefício dos próprios nobres
Que os consomem
Como velhos esnobes
Estourando todos os cofres

Como se de suas promessas
E da inveja que a muitos move
Conseguíssemos extrair uma vida menos torpe
Extorquindo com o consentimento
De todos que abdicam, esperam e morrem
Iludidos com a garantia do voto

E de uma transparência que sempre se esconde
Dizem que faltam recursos para a aplicação nos setores públicos
Mas superfaturam todas as obras
E, sorrindo, expedem seus próprios habeas corpus
Aumentando ainda mais os nossos impostos
Dificultando

De comissão em comissão
De relatório em relatório
De reforma em reforma
De concessão em concessão
A emancipação de cada indivíduo
Com mais essa ladainha de que o governo é de todos

Enquanto os conchavos rolam soltos
Para que se processe todo o espólio
De nossa dignidade como se fôssemos todos tolos.