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23 de agosto de 2013

Animais

Quem foi que instituiu que os animais precisam servir aos homens? Quem foi que preferiu que o luxo de alguns, justifica tomar a vida dos outros? Quem aceitou a própria servidão geralmente aceita ser domesticado. Age para agradar. Abandona a própria animalidade. E não se importa se está impedindo os outros de se realizarem.

Extravagâncias

Você acha engraçado o modo como desperdiça suas chances? Você acha que a vida dura para sempre? Que ela é uma sucessão interminável de oportunidades para você descartar e ter sempre do que se lamentar?

Jogo

Neste jogo
Não há vencedores
Não há perdedores
Há apenas participantes.

Matemática

A razão do meu amor presente
É a mesma do meu amor passado
A razão continua a mesma
O amor é que resultou fracionado.

Grãos de areia

Não se embarace com sua riqueza. Não se esconda nem se proteja. Atrás, na frente. Em qualquer perspectiva que realce a sua beleza. Sinta-se. Crie-se. Seja você mesma. Como parte responsável. E não só como o lado harmonioso. Da natureza.

Tempo

Nem tudo o que não captamos no nosso tempo significa que é eterno. Não é porque percebemos. Pensemos e nos interessemos. Que tais acontecimentos passam a ser o que queremos. Se todo o tempo que chego perto da verdade ela já está transformada em uma de suas outras possibilidades. E lá vou eu, mais uma vez, procurá-la. Com perspicácia redobrada e aquela sensação de insaciedade. Por algo que, ainda assim, distanciado, entendo sobre a realidade. Familiaridade. Com tudo o que existe. Desde o tempo que a gente sequer existia e – a respeito do tempo – muito menos se indagava.

Luta

Uma vez uma pessoa querida disse que eu encarava a vida como se ela fosse uma luta. Hoje, passados alguns anos, insisto: e não é mesmo? Não uma, mas várias, acontecendo até ao mesmo tempo?! Lutamos para sobrevivermos. Matérias que buscam energias. Células que precisam ser destruídas para os órgãos se moverem. Atos voluntários. Atos involuntários. Todos com seus ímpetos. Permitindo e impedindo. Que lutemos para nos desenvolvermos. Ganhando e perdendo coragens para enfrentarmos nossos medos. Sobretudo aqueles que nutrimos por nós mesmos. Travamos lutas para sermos justos, convivendo. Em todos os tempos. Nos espaços que também se transformam sem a nossa presença. Pensando no outro a partir do que chamamos de nós. Que também é uma construção. Dentre as várias construções que – de dentro destes corpos – percebemos.