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30 de novembro de 2021

aridez

remexa o solo

cave com intento

até atravessar os lençóis

então, reconecte-se.

28 de novembro de 2021

Dead Fish - Sonho Médio

Amanheceu mais uma vez
É hora de acordar para vencer
E ter o que falar, alguém para mandar
Uma vida pra ordenar, poder acumular
E ai então viver. Viver e prosperar
Mais nada a pensar. Me myself and I
E assim permanecer. Credicard, status quo
É tudo que penso ser, ilusão é questionar

O sonho médio vai, vai te conquistar
E todo dia iremos juntos ao shopping pra gastar

Ter e sempre acreditar. Princípio, meio e fim
A hipocrisia vai vencer, vou sorrir pra você
Será uma festa em meio ao caos e as pessoas feias pagarão
Pois somos os eleitos, pelo menos achamos ser
Nossa raça é superior, mas vou fingir ser daquela cor
Roberto Campos é o nosso gurú
E para sempre seremos liberais pra trabalhar, pra viver!
Não importa se meus filhos não terão educação
Eles tem que ter dinheiro e visual

O sonho médio vai, vai te conquistar
Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar.

Bad Religion - No Substance

 
History doesn't make something right
Consensus is not a fact-based exercise
You're tied and bound to this selfindulgent enterprise...
We call America

A brush with a star, a token of love
A name in the sand, enough is enough
A diet of air, a face on the net
A fish your palm, your television set

Once you convince yourself
The universe falls into place
You've got your ideas
And your posse of friends
You all make up rules
And the fun never ends

But still there's a problem that leaves you gasping for air
You look for some meaning, blank smiles are all that's there
And still water stales a soft summer breeze
You cling to your hopes while your drop to your knees
There's no substance

Once you convince yourself
The universe falls into place
You've got your ideas
And your posse of friends
You all make up rules
And the fun never ends

But still there's a problem that leaves you gasping for air
You look for some meaning, blank smiles are all that's there
And still water stales a soft summer breeze
You cling to your hopes while your drop to your knees
There's no substance

26 de novembro de 2021

Gratitude

   Dentro do movimento há vários movimentos. Estilos. Gêneros. Punk Rock. Hardcore. Rap. Metal. Ska. Guitar. Indie. Grunge. Rockabilly. Psychobilly. Blues. Reggae. Músicas. Fanzines. Skate. Literaturas. Filosofias. HQ’s. Grafite. Autoconhecimento. Protestos. Rádios comunitárias. Coletivos. Anarquismos. Feminismos. Veganismo. Straight Edge. Splits para os trabalhos circularem entre os parceiros. O underground como contraponto ao mainstream. Essa badalação indigesta. Tantas e tantas vezes sectária. Super produzida a ponto de suprimir o humano. Esta incompletude latente. Que aciona as possibilidades de fazer o inverso. Sou grato pelas cartas trocadas. E ao que aprendi com a expectativa pelas suas idas e vindas através dos correios. Os flyers que recebia. Sobre as bandas. Os escritores e suas publicações. Os shows. As cenas que se apoiavam. Sem descartar os conflitos ideológicos. E os desentendimentos. Os releases. As fitas demo e os zines que trocava ou comprava. Tudo isso me levou a entender. O até então estranho “do it yourself”. Contracultura. Resistência. Sou grato por fazer parte desse meio. Crescer com essa referência. Como alternativa aos padrões de comportamento. Esperados de um jovem interiorano. Querendo livrar-se das inumeráveis correntes. Do familiar pressionamento pelo ilusório sucesso. Grato, pois com esses elementos. Pude ampliar meus horizontes de escolhas. Encontrar o que queria. Fazer o que penso ser justo ao menos para comigo mesmo. Respeito mútuo. Anticonsumismo. Posicionamento. Nas relações entre os seres. Que hoje sabemos ponderar. Por relativizarmos essa busca delirante pela atuação perfeita. Inventada e invejada na ânsia por fazer parte dessa névoa de gente. Motivada pelo medo. De frustrar. Se rever. E aprender com o que amaldiçoadamente se tem para viver. Com o seu toque. A sua verve.

25 de novembro de 2021

experimento

testo o texto

que me sirva de pretexto

para relê-lo

ouvi-lo

entender o que me fez

escrevê-lo.

The Black Pacific - Living With Ghosts

24 de novembro de 2021

Inspiração

   Escrevo porque essa paródia da vida não me convence. Entendo que o humano pode ser apreendido com a ajuda de outras lentes. Que o percebam como um elemento muito mais complexo. Daí enveredar pelas nuances, sinais, intuições, sutilezas. Que nos alçam aos céus das palavras não ditas. Aos solos onde germinam os gestos que não se mostraram por medo. Fugidios através de avatares cada vez mais interativos. Mas facilmente desconstruídos. Quando não são validados a tempo. Nesse passatempo de indivíduos que batalham arduamente pela vitória de seus egos. Toda uma gama de pormenores se une para reconstituir nossos vazios. Que transbordam desses imprescindíveis recheios. Pressionemos esses padrões. De nivelamento. Para que eles se expandam. Não apenas permaneçam. Sobretudo nesse tempo. Progressista. Mas que conserva as mesmas maneiras. Reproduzindo essa liberdade de outdoor. Que almeja tudo o que o presente lança à sua frente. Para que assim haja ao menos alguma migalha. Um pedaço de proveito. Caso contrário, outro o fará. E de nada adiantará reclamar da sorte que não teve. Sinceros. Com nós mesmos. Quando esses olhares tão apagados. Contrafeitos. Acenam para valores um pouco mais coesos. Reavaliados. Somente quando das constatações do insuportável desespero. Dos quase sujeitos. Que se revelam ainda mais. Quanto mais acreditam que se escamoteiam.

Bad Religion - Stranger Than Fiction [1994]

Ten Foot Pole - Swill [1993]

20 de novembro de 2021

Contentamento

   Observa algumas pichações pelos muros da cidade. “Mindset é o caralho!” “Amor, porra!” O que estas manifestações revelam? O que leva essas pessoas. A agirem dessa maneira? Reflete. Pois compartilha dessas percepções há algum tempo. A tal ponto que já não consegue deixar de reagir. Como parte. Presente. Seremos as máquinas que tudo produzem. Consomem. Descartam. Votam. Competem. E se esquecem progressivamente de si mesmas? Quais pegadas deixaremos. Para os que hoje sequer se sentem como sujeitos? Quantas medalhas, troféus ou bandeiras. Exporemos em nossas quase casas para provarmos o valor de uma reputação que nos nega? Anda em busca de discernimento. Pois o interpessoal caminha incontinente. Por paragens desertas. E até receia demonstrar seus afetos. Pois muitos o interpretam como invencionice de gente insegura. Dependente. Que não investe o suficiente em suas carreiras. Num bom jogo de deixar rolar. E não lutar pelo que queremos. Rumina por dias e noites esses pensamentos. Até, quem sabe, colidir com a disposição para parar. Refletir sem toda essa pressa. Reconhecer o delírio coletivo. A profundidade do ferimento. E não simplesmente seguir. Sem saber o que uma existência pode significar. Nesse contexto. Da angústia que nos invade. Como vontade. Necessidade que as engrenagens fazem de tudo para nos ludibriar. E esquecermos.

18 de novembro de 2021

definir

eu era a espera

já fui a esfinge


quando descobri

essa guerra dentro de mim


estranhei

escondi


agora sou assim

um pouco disso tudo


e ainda um infinito

de possibilidades


que posso vir

a descobrir.

17 de novembro de 2021

qualia

nos limites das palavras

procura pelas dosagens


atitudes

espontaneidade


recheadas de emoções

impensadas


para recriar/reviver

trocar com equidade


não se confundir

com as flores jogadas das sacadas.

12 de novembro de 2021

Descendents - 'Merican

 
We flipped our finger to the king of England
Stole our country from the indians
With god on our side and guns in our hands
We took it for our own

A nation dedicated to liberty
Justice and equality
Does it look that way to you?
It doesn't look that way to me
The sickest joke I know

Listen up man, I'll tell you who I am
Just another stupid American
You don't wanna listen, you don't wanna understand
So finish up your drink and go home

I come from the land of Ben Franklin
Twain and Poe and Walt Whitman
Otis Redding, Ellington
The country that I love

But it's a land of the slaves and the ku klux klan
Haymarket riot and the great depression
Joe McCarthy, Vietnam
The sickest joke I know

Listen up man, I'll tell you who I am
Just another stupid American
You don't wanna listen, you don't wanna understand
So finish up your drink and go home

I'm proud and ashamed
Every fourth of July
You got to know the truth
Before you say that you got pride

Now the cops got tanks 'cause the kids got guns
Shrinks pushing pills on everyone
Cancer from the ocean, cancer from the sun
Straight to hell we go

Listen up man, I'll tell you who I am
Just another stupid American
You don't wanna listen, you don't wanna understand
So finish up your drink and go home

Listen up man, I'll tell you who I am
Just another stupid American
You don't wanna listen, you don't wanna understand
So finish up your drink and go home
Finish up your drink and go home

11 de novembro de 2021

Labirinto

   Caminho pensando em como se constroem os caminhos. Busco sentir meu fôlego. Respiro. Não há como negar que por aqui já estive. O que parecia imprevisível. Torna-se familiar. Um feixe de luz num túnel com paredes que se estreitam quando ultrapassamos seus limites. Passagens que se ramificam. Embaralhando a consciência. Impingindo suas inevitáveis vertigens. Assim, não hesito. Ritualizo minha jornada. Tramo meu percurso. Aos poucos. Invisto em minhas paradas para um justo descanso junto aos totens que crio e recrio. Uma noite ou talvez uma vida. Não são perdidos. Se conseguir apreender algo novo para continuar. Insistindo. Naquilo que acredito. Ainda que todos achem esquisito. Aprecio estar por aqui. Mesmo intuindo. Que esse lugar não exista por si só. Pode ter sido criado. Para me livrar. Daquelas queixas sobre o vazio. Que muitos faziam em seus monólogos sobre estarem convencidos. Sobre como e porquê escondem muito bem suas feras assassinas. Independentemente dos outros que gritam dentro de nós. Para manterem-se e realizarem-se justamente aqui. Nesse esconderijo. Onde as passagens se parecem. Mas há sempre a chance de nos percebermos voltando à entrada. Para recomeçarmos de onde nunca partimos.

10 de novembro de 2021

infrequência

no meio do asfalto

há um pedaço de nós mesmos


relegado

conscientemente

pela necessidade de barganharmos nosso recheio


ao seu lado estão os abutres

com seus bicos abertos


ansiosos

porém, sem qualquer angústia

por escolher quem será devorado primeiro


no meio do asfalto

pulsando como só eles


nossos corações

na contramão do hábito

soando como acordes inexistentes.

9 de novembro de 2021

ressignificação

nossas maiores ilusões

indivíduo

independência

nunca mais nos veremos

jamais conversaremos

nada partilhamos, nenhum envolvimento


somos

com os outros, entre os outros

ainda que nas lembranças

naquilo que não queremos

na arte

uma das partes mais nossas da coexistência


é no espelho do outro que melhor nos vemos

percebemos quando esses outros

já não estão mais presentes

com as mortes, as cisões,

os desmembramentos que nos fazem

ressignificarmos as máscaras que tecemos.

5 de novembro de 2021

Placebo - Every You Every Me

 
Sucker love is heaven sent
You pucker up, our passion's spent
My heart's a tart, your body's rent
My body's broken, yours is bent
 
Carve your name into my arm
Instead of stressed, I lie here charmed
'Cause there's nothing else to do
Every me and every you
 
Sucker love, a box I choose
No other box I choose to use
Another love I would abuse
No circumstances could excuse
 
In the shape of things to come
Too much poison come undone
'Cause there's nothing else to do
Every me and every you
Every me and every you
Every me
 
Sucker love is known to swing
Prone to cling and waste these things
Pucker up for heaven's sake
There's never been so much at stake
 
I serve my head up on a plate
It's only comfort, calling late
'Cause there's nothing else to do
Every me and every you
 
Every me and every you
Every me
Every me and every you
Every me
 
Like the naked leads the blind
I know I'm selfish, I'm unkind
Sucker love I always find
Someone to bruise and leave behind
 
All alone in space and time
There's nothing here but what here's mine
Something borrowed, something blue
Every me and every you
 
Every me and every you
Every me
Every me and every you
Every me