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24 de novembro de 2021

Inspiração

   Escrevo porque essa paródia da vida não me convence. Entendo que o humano pode ser apreendido com a ajuda de outras lentes. Que o percebam como um elemento muito mais complexo. Daí enveredar pelas nuances, sinais, intuições, sutilezas. Que nos alçam aos céus das palavras não ditas. Aos solos onde germinam os gestos que não se mostraram por medo. Fugidios através de avatares cada vez mais interativos. Mas facilmente desconstruídos. Quando não são validados a tempo. Nesse passatempo de indivíduos que batalham arduamente pela vitória de seus egos. Toda uma gama de pormenores se une para reconstituir nossos vazios. Que transbordam desses imprescindíveis recheios. Pressionemos esses padrões. De nivelamento. Para que eles se expandam. Não apenas permaneçam. Sobretudo nesse tempo. Progressista. Mas que conserva as mesmas maneiras. Reproduzindo essa liberdade de outdoor. Que almeja tudo o que o presente lança à sua frente. Para que assim haja ao menos alguma migalha. Um pedaço de proveito. Caso contrário, outro o fará. E de nada adiantará reclamar da sorte que não teve. Sinceros. Com nós mesmos. Quando esses olhares tão apagados. Contrafeitos. Acenam para valores um pouco mais coesos. Reavaliados. Somente quando das constatações do insuportável desespero. Dos quase sujeitos. Que se revelam ainda mais. Quanto mais acreditam que se escamoteiam.

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