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11 de novembro de 2021

Labirinto

   Caminho pensando em como se constroem os caminhos. Busco sentir meu fôlego. Respiro. Não há como negar que por aqui já estive. O que parecia imprevisível. Torna-se familiar. Um feixe de luz num túnel com paredes que se estreitam quando ultrapassamos seus limites. Passagens que se ramificam. Embaralhando a consciência. Impingindo suas inevitáveis vertigens. Assim, não hesito. Ritualizo minha jornada. Tramo meu percurso. Aos poucos. Invisto em minhas paradas para um justo descanso junto aos totens que crio e recrio. Uma noite ou talvez uma vida. Não são perdidos. Se conseguir apreender algo novo para continuar. Insistindo. Naquilo que acredito. Ainda que todos achem esquisito. Aprecio estar por aqui. Mesmo intuindo. Que esse lugar não exista por si só. Pode ter sido criado. Para me livrar. Daquelas queixas sobre o vazio. Que muitos faziam em seus monólogos sobre estarem convencidos. Sobre como e porquê escondem muito bem suas feras assassinas. Independentemente dos outros que gritam dentro de nós. Para manterem-se e realizarem-se justamente aqui. Nesse esconderijo. Onde as passagens se parecem. Mas há sempre a chance de nos percebermos voltando à entrada. Para recomeçarmos de onde nunca partimos.

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