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29 de junho de 2012

Filhos dos filhos

        Me pergunto onde andará aquele instinto que os levou a gerar seus filhos, se não cuidam deles como é preciso. Colocando-os no lixo, livrando-se da carga ou culpando-os por terem vindo. Será vingança ou algum impulso irreprimível? Os órfãos de hoje – cujos pais estão quase vivos – necessitam de outros incentivos além de pensões alimentícias.

Razoável

        Assim, fica tudo muito mais fácil. O que era escuro acaba parecendo claro. Não há razão para se perguntar pela verdade. De acordo com as épocas festivas. Comemoramos as inúmeras datas. Pra gente seguir sem sentir muitos desagrados. Participar sem compromisso, sem enfado. Aperfeiçoando as atitudes de quem sabe. Que a vida é assim mesmo. E, se fosse de outra forma, tudo bem também. Tanto faz.

28 de junho de 2012

Cisma

        Sim, nós chegamos ao ápice. Vivemos desconfiados. Fomos tantas vezes enganados que só nos restou essa suposição. Agimos amedrontados por convivermos sufocados nesta recíproca humilhação.

Sobre o frio

Ando expelindo alguns cacos de vidro
Preciso, mas não consigo reuni-los
Meus dedos trêmulos hesitam
Talvez temam ficarem tão gelados
Quanto o corpo que um dia os sentiu.

Compaixão

Estabelecer conexão
Sentir o que o outro sente, então
Mudar de posição
Colocar-se, por conta própria,
Atrás do balcão
Servindo aos outros
Que lhe enxergam com dó
Por não terem outra opção.