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17 de fevereiro de 2011

Gueto


 Aqui no gueto os beijos são molhados. As crianças reinventam suas diversões todos os dias. Não contam as horas, nem se importam por seus brinquedos serem velhos. Aqui no gueto as melodias não são estilizadas. Os velhos e os novos sabem de sua importância. Aqui no gueto o trabalho vale apenas à sobrevivência. Os alto-falantes não destilam a impotência de uma raça. Ninguém precisa provar nada. Aqui no gueto um violão e uma gaita fazem uma revolução cultural instantânea. A comida é escassa, mas o ódio não é revertido em disputas teóricas. Ou em guerras históricas e suicidas. Aqui no gueto, onde as determinações são sentidas diariamente, mas não impedem ninguém de quebrar suas respectivas correntes.

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