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20 de fevereiro de 2011

Charlie Chaplin

Desculpem, mas não quero ser imperador. Não entendo disto. Não quero governar nem conquistar ninguém. Gostaria de ajudar todo mundo, se possível. Judeus, nativos, pretos e brancos. Nós todos queremos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Queremos viver para a felicidade não para a infelicidade. Não queremos odiar, desprezar uns aos outros. Neste mundo existe lugar para todos e a terra é rica. E pode muito bem alimentar a todos. Os caminhos da vida podem ser livres e lindos. Mas nós perdemos este caminho. A ambição envenenou a alma dos homens. Ergueu um mundo de ódio ao redor do mundo. Nos atirou dentro da miséria e também do ódio. Desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos. As máquinas que nos trouxeram mudança nos deixaram desamparados. Nossos conhecimentos nos deixaram cínicos. Nossa inteligência, duros e impiedosos. Nós pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que maquinaria, nós precisamos é de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de bondade e compreensão. Sem estas qualidades a vida será violenta e estaremos todos perdidos. O aeroplano e o rádio nos aproximaram uns aos outros. A própria natureza destes inventos demonstra a divindade do homem, exige uma fraternidade universal para a unidade de todos nós. Mesmo agora, minha voz está chegando a milhões em todo o mundo. Milhões de homens desesperados, mulheres e crianças. Vítimas do sistema que obriga o homem a torturar e aprisionar gente inocente. Para aqueles que podem me ouvir, eu digo, não se desesperem. A infelicidade que caiu sobre nós é conseqüência apenas da ambição. Da angústia do homem que teme os caminhos do progresso humano. O ódio dos homens irá passar, os ditadores morrerão e o poder que eles tiraram do povo retornará, então, para o povo. E, embora o homem morra, a liberdade jamais perecerá. Soldados, não se entreguem a estes frutos. Homens que desprezam vocês, escravizam, governam suas vidas. Dizem o que devem fazer, o que pensar, o que sentir. Que os conduzem, ditam sua comida, os tratam como gado e como bucha de seus canhões. Não se dediquem a estes homens sobrenaturais. Homens-máquinas, com máquinas no cérebro e no coração. Vocês não são máquinas, não são gado. São homens, tenham amor pela humanidade em seus corações. Não odeiem; só quem não é amado tem a capacidade de odiar. Soldados, não lutem pela escravidão. Lutem pela liberdade. No capítulo 17 de São Lucas está escrito “o reino de Deus está dentro do homem”. Não num homem, nem num grupo de homens, mas em todos os homens. E vocês do povo têm o poder. O poder de criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vocês do povo tem o poder de fazer esta vida livre, linda e também de transformar esta vida numa maravilhosa aventura. Então, em nome da democracia, vamos usar este poder. Vamos todos nos unir, lutar por um novo mundo. Um mundo decente que dará ao homem chance para trabalhar, que dará à juventude um futuro e uma velhice tranqüila. Prometendo estas coisas, muitos têm subido ao poder. Mas eles mentem. Eles não cumpriram essas promessas. Jamais cumprirão! Os ditadores querem liberdade, mas eles escravizam o povo. Agora vamos lutar para que se cumpra esta promessa. Vamos lutar para libertar o mundo. Para derrubar barreiras nacionais. Derrubar a ambição. O ódio e a intolerância. Vamos lutar por um mundo sensato. Um mundo onde a ciência e o progresso nos levarão à felicidade de todos. Soldados, em nome da democracia, devemos nos unir!”

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