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17 de fevereiro de 2011

Crônico

Eu me alimento da música e da literatura. Tal como a comida que me nutre. Tal como a água que me hidrata. As melodias me dispersam e as histórias me deseducam. Eu imagino e às vezes até vivo. Seleciono o que vou dizer. O que quero ouvir. Mas nunca o que posso sentir. Nisso sou teimoso. Nem em sonho costumo me esquivar. Vou até o fim. Não importa a imagem, o que fica é algo indescritível e impessoal. E, mesmo que meu coração se atrevesse a escrever algumas linhas imperfeitas, eu não me sentiria diferente. As associações não seguiriam uma linha menos prática. Novos comentários sobre velhos sentimentos desconexos. Rufando em meus ouvidos. Tudo muito natural. Instintos e racionalidade. Enfraquecidos, mas não derrotados. Empalhados, mas não estupidificados. Deus e o diabo. Trabalho e criatividade. Nada tão distante, sobrenatural. Compassos e versos trastejando entre os dentes. Reconheço as luzes turvas. Os olhares apreensivos. A anestesia geral me embebeda docemente...

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