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18 de fevereiro de 2011

Partida


Um belo dia você chega ao fim da linha. Como um trem que descarrilha. Você, finalmente, alcança o topo. O limite da trilha. Você se sente saturado. Como um casco incrustado. Você se limita a chacoalhar. Ouvir, ver e se calar. Ler e interpretar. Sentir e não poder acreditar. Um belo dia você se vê enjaulado. Sujo. Treinado. Você passa pelos lugares e não faz história. Fotografado. Eis você num jogo de dados. Arremessados. Como versos encenados. Bebidos. Tragados. Como filhotes separados. Desmamados às pressas. Perdidos. Sovados. Um belo dia você sente as hemorragias. Como cicatrizes. Como uma asfixia que, silenciosamente, se inicia. Você tenta trocar o encordoamento. Enxergar os destroços. Mas não há brilho. Não há melodia! E então você se esvazia. Acende as caldeiras. Sinaliza. Fala sozinho. Suspende as velas. E dá partida.

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