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13 de fevereiro de 2011

Engavetada devoção

A autodestruição é um prêmio de consolação
Instrumento milenar requisitado
Para amenizar as chagas do ego em confusão
Paralelo indigesto
Roedor implacável
Desse livro que não vingou

Pode ser criativa
Escamoteada
Por ser urgente
Desastrada
Facilmente degustada
Nos banquetes dessa casa que desmoronou

A culpa é uma chaleira em ebulição
Franzida de auto-suficiência
Atravessando a rodovia em duplicação
Cacto encharcado
Transplantado
Nos destroços de mais uma inundação

Inseto franzino
Escoltado
Por um exército
De perdas e danos
Habilmente atraído
Para amparar a descolorização

O medo é um farelo intragável
Incronometrável sentimento
Que faz da vida a morte à conta-gotas
Inflamação inquisitorial
Das vias humanas
Nesse quadro de não pertencer

Floresta desmatada
Neve compactada
Enclausurada no labirinto das emoções
Regendo as orquestras da desculpa
Divertindo-se à beça
Por ser o único parecer

(Aos suicidas).

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