Páginas

22 de junho de 2013

Super-heróis

Calma, meu amigo. Sua frustração, neste momento de angústia, pode ser o raio que – partindo do seu próprio aparato defensivo – o paralisa. Assim como você, muitos de nós fomos instruídos a agir como se fôssemos invencíveis. Que, se algo nos contraria, se alguém pede socorro, basta vestirmos nossos uniformes e, usando nossos superpoderes, mudarmos nossos destinos. Contribuindo para que a Justiça se faça sempre e nos beneficie. Em qualquer território. Planetas, galáxias, satélites, asteroides, cometas. Visíveis ou invisíveis. Imagine viver num mundo indiferente aos nossos caprichos. Aos nossos desejos e aos nossos mais Belos princípios. Inconcebível, não é isto o que lhe sugere seu raciocínio? Seríamos tal como pedras que sofrem caladas a cada nova investida desta natureza que também nos habita? Seríamos nós, construtores incansáveis de nossa própria História, manchetes de jornais, capas de revistas, matérias destacadas das redes sociais e televisivas, sujeitos passivos – tal como nos notifica nossa impressão fatalista? Refugiaremos-nos toda vez que nos sentirmos ameaçados em nossa fragilidade deveras autopunitiva? Não somos, então, seres evoluídos?! Acima da média, que reconhecem e buscam todo o tempo superar qualquer limite? Gravidade, eletromagnetismo: não são estas algumas das forças frente às quais reafirmamos nossos mais que legítimos altruísmos?! Ora, meu amigo, não fique tão triste! Estou apenas tentando desconstruí-lo. Mostrando que ainda seremos nós mesmos, mesmo quando o mundo resolver nos abolir. Nosso egoísmo há muito assola os imaginários coletivos e é até compreensível que um dia estes terráqueos mortais resolvam revoltar-se, manifestarem-se, achando que nós abusamos de suas ingenuidades para nos afirmarmos como mitos. Vencemos nossos arqui-inimigos às vezes a duras penas, mas devemos reconhecer que, quando assumimos nossas reais identidades, não passamos de seres à mercê de ajuda mútua num mundo hostil, mesmo quando estamos em posse de tantas tecnologias. Não é mais fato que a Ideia do Bem invariavelmente derrote e subjugue os maiores e mais temíveis propagadores do Crime. Reconheçamos: uma simples chuva, um terremoto, qualquer cataclismo, a mais amena mudança de clima nos afeta tanto que é quase provável que nossa autoestima um dia associará essa projeção que fazemos para tentarmos simplesmente fugir. Mesmo nos debatendo, há muitas forças, dentro de nós mesmos, que nos dominam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário