A massa segue exausta. Dissolvida em soda
cáustica. Absorve o bombardeio midiático. Recusa o convite das curiosidades. A
massa valoriza demais o trabalho. Assim como todos os sofrimentos. E todas as
privações. Para legitimar o rótulo do repouso da alma. A massa é um material
apetecido. Intelectualmente estudado para atingir o fim almejado. Na eterna
espera de um retorno para uma vida de orações. Que não cura; culpa e a condena
por seus próprios atos desesperados. A massa, por sua vez, acata. Defende.
Ataca. Morre ou mata em nome de Sua Graça. Ajoelhar-se-ia diante das vitrines
se esta lhe recomendasse. Faz da desigualdade elemento naturalizado. Sonha com
promoções. Investe em certificações. Joga os jogos mais jogados. Acredita em loterias
e em concursos pré e pós-vestibulares. Para os que a homogenizam fazerem o que
bem imaginarem. Tornando-a vanguarda dos regimentos das falácias. A massa realiza-se
a prazo. Carrega sempre os documentos para ser culturalmente analisada. Não se
sente vexada. Muito pelo contrário. Sorri timidamente, quando o seu histórico
de vida é reprovado. Aprova os assistencialismos
incompetentes para resolver as disparidades. Não liga muito para os fatos.
Prefere a fé que lhe dê o maior respaldo. Sente-se respeitada quando vê que os
seus filhos encontram novos postos a contratá-los. Trocando vidas por salários
miseráveis. A massa está suturada. Mas, mesmo assim, ela não resolve
revoltar-se. Respeita as sagradas autoridades. As polícias e as forças armadas.
Que também fazem parte da massa. Mas que temem quebrar o protocolo das corporações
que esculpem suas consciências flácidas. Enquanto grupos. Classes. Reprimindo
as manifestações. Com tanques, cavalos, cassetetes e bombas para manter a tão vantajosa
moralidade. Eles sabem bem o que fazem! Sustentam os direitos daqueles que os esmigalham.
Na batalha. Na penúria. Na folia e na farra. Na retaliação que é sentida
individualmente. Mas que não consegue, por conta do egoísmo, ser associada. À
maioria que inviabiliza sua própria consensualidade.
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