Era uma personagem com um estado
de espírito crítico. Afeita ao diálogo. Convidativa. Hoje, minha impressão é a
de que estava um pouco triste por estar triste. Introspectiva. Confusa, assim
como todos nós muitas vezes nos descobrimos – quando temos que representar a
nós mesmos nos cenários da vida. Um esboço omitido que tanto aguardara para ser
exibido. Em nossas geniais galerias. Sobre o quê, como, por que fazia, e que
talvez, enquanto respostas definitivas, nunca lhe contentariam. Satisfazia-se
tanto quanto nós procuramos e só algumas vezes nos encontramos reconhecidos. Em
si, nos “outros”, em qualquer elemento que também se transforma. Todos os dias.
Quer a gente discorde, quer estes elementos sequer desconfiem. Por que, afinal,
tinha de ser sempre do jeito que os outros queriam?! Conhecia algumas das
companhias. Porque tinha de ser assim, ora! Não era assim que se fazia?!
Procurar a felicidade onde o sofrimento não exista?! Provavelmente se revoltava
quando, no teatro vazio, como num deja vu, só mergulhasse até onde alcançava os
olhares dos salva-vidas. Envolvida pela superfície. Longe do script. Do texto
pronto. A passagem das falas. Não mais lhe iludia. Inferia que – apesar de tudo
– a espécie à qual pertencia, seria a mais relevante personagem com quem
contracenaria. Dentro de si, por acaso, também não havia dessa vontade de não
ser extinta?! Dessa luta pela sobrevivência que se trava em nossos espaços mais
íntimos?! Sensatez me inspirava coragem. Desprendimento. Admitia que não
dispunha de qualquer certeza se atuava ou não sobre palcos tão firmes. Que –
apesar de não ser sua vontade – também sofria. Tal como nosso sentimento de
alegria.
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Para ___
{…Rafaela,
Schopenhauer, Helena Kolody, Goethe, Nietzsche, Van Gogh…}
Saudações Thiago!! tudo bem?
ResponderExcluiresse texto é o meu preferido, tenho ele.
incrível seu dom pra escrever....
todos textos são ótimos!!!!
Parabéns...