Peço apenas um pouco de discernimento. Será
que é pedir demais ponderar sobre esses fatos e nos enxergarmos com nossos
próprios olhos e não por olhos maiores, mais poderosos, que nos condenam, mesmo
quando agimos dentro dos seus preceitos? Estamos condenados a seguir só este
caminho, mesmo? Não podemos escolher as vias que quisermos, além do bem e do mal,
impostos por essa hierarquia tão longe de ser fraterna? Minha opinião é a de
que, mesmo sem os deuses que cultuamos e os que dirão para a gente cultuar
daqui há algum tempo, mesmo sem as inúmeras superstições, mesmo sem as
esperanças em profetas e em seus milagres, e também sem as orações que nos
ensinaram a rezar, ainda seremos nós mesmos. Falhos, imperfeitos, finitos.
Prontos para transformarmo-nos. Aprendermos. Aprimorando dia após dia nossos
sentimentos, comportamentos, princípios, nosso modo de habitar e compartilhar
inclusive nossas responsabilidades para com este planeta. E, então, voltarmos, naturalmente,
a terra, ao céu, ao mar, como elementos que contribuem para a continuidade não
só da nossa, mas de toda e qualquer existência. O homem não está só. Não tema.
Não há bons motivos para entrar em desespero. Desconfie do que lhe oferecem
como sendo verdade quando, se investigado com desprendimento, não passa de só
uma vaga imagem dela. Reconsidere. Você eu somos contemporâneos, tal como
outros foram e serão antes e depois de nós. Conte comigo se quiser compartilhar
sua dor. Sua carência de acalento. Nós, homens, convivemos com outros homens, com
outros seres; caso contrário, sequer teríamos sobrevivido às intempéries. Considerar
a ignorância uma virtude, por mais que a maioria concorde, não me convence. É
que sou metódico. Reconheço. Sinto medo também, solidão, desespero, mas não
faço destes sentimentos a fonte que fará só crescer o meu alheamento. Pelo
contrário, são eles que me recolocam a girar sobre o meu próprio eixo. Não
posso acreditar numa autoridade que mente e que quer que o seu direito de ser
inquestionável prevaleça. Desestimular o pensamento crítico é a maior prova de
que há uma intenção maléfica por trás desse culto que se enerva e roga pragas
quando solicitado a apresentar seus reais fundamentos. Não me ajoelho diante deste
manto de santidade que não revela as mortes e as atrocidades já feitas. Não me
reconheço diante desta barbárie recheada de pestes, castigos, apedrejamentos a
tudo e todos que não estavam dentro do escolhido império. Nos canais de
televisão com esse direcionamento existem várias propagandas ensinando até,
pasmem, a forma mais correta, mais benta de se rezar o terço! Água benzida
pelos tubos de aparelhos televisores. Será este o melhor aproveitamento que
podemos tirar dos meios tecnológicos nesta era pós-moderna?! Ora, proteste! Pergunte
e responda, sobretudo, para si mesmo. Será isso saudável? Não podemos conhecê-los;
só sentir as suas presenças?! Se houvesse qualquer entidade nestes termos, que
não quer e nem se deixa conhecer, seria esta mesma autoridade confiável?
Bondosa, caridosa, como costumam insistir e difundir sem qualquer desconfiança
de que podem estar caindo em mais uma falácia que visa o seu enfraquecimento
enquanto sujeito? Vamos, pense um pouco! Isso há muito já deixou de ser blasfêmia.
Não seria mais fácil encararmos nossos próprios problemas, confiando só em nós
mesmos, ao invés de suplicarmos por uma ajuda que não vem e nunca virá a não
ser na forma de coincidências? 6.000 anos seria esta a idade da Terra?! Do
Universo?! É plausível esta explicação de que viemos do barro ou de uma simples
costela?! Quem anda se privilegiando com estas crenças estão bem ao seu redor.
Basta abrir os olhos e enxergar. Padres, pastores, missionários, homens e
mulheres que só vão enriquecendo, enquanto a maioria vive iludida,
alimentando e reprimindo os seus mais que legítimos desejos. Peça para dormir
numa igreja. Sugira a venda e a boa aplicação para todas as riquezas do
Vaticano, por exemplo. Exija que essas construtoras e financiadoras do repouso eterno comecem
a pagar impostos... Tente. Você tem todo o direito! Eles hão de arrumar outra
revelação para atestarem que continuam certos. Que era esta a recompensa
prometida e merecida àqueles (as) que dedicam suas vidas a dar o melhor exemplo. Para
aqueles que se distanciam. Praticando heresias. E que são castigados com a
pobreza e a miséria por não aceitarem as leis dos homens que se coaduna
perfeitamente com as leis ditadas pelos seus deuses. Será que isso é secundário,
quando precisamos nos situar, nos compreendermos, para não nos conduzirmos e
aceitarmos que nos conduzam como se fossemos cordeiros?
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