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12 de fevereiro de 2014

Travessia

Minas

Borboletas azuis
Horizonte perdido
Rio do inferno
Lugares diferentes
Busca há muito já sentida
Vontade muito pouco debatida
Histórias contadas ao sabor da chuva
Dentro de uma barraca amiga
As águas da cachoeira deslizam
Ainda agora
Entre as rochas com formatos mistos
Um casco de barco sendo esculpido
Uma piscina natural com pedras ao fundo
Que também se gastam
Se renovam
E passam
Conforme aumenta a corrida
Das águas tranquilas...

Fragmentos que libertam e também escravizam

Ao acaso de um objeto
Que da paisagem se desprendia
Não somente olhava
Talvez nem sequer ouvia
Transitava
Fluía
Junto com os anos
E a sondagem de alguns dias
Lembrava-se
E relembrando
Não revivia
Revidava
Mas não era a vingança o que queria
Com novas estruturas
Significava e ressignificava
O que lhe afetava
E o tipo de afeto que sentia
Amadurecia e morria
Como toda vida
Memórias frágeis
Desleais
Convencidas!
Preenchidas com as ilusões passadas, presentes
Futuras anestesias
Que também se tornariam ausentes
Como as melhores companhias
Resíduos que o corpo sovava
Procurando alguma liga
Sobre o quê era
Quem era
E para quê eram feitas
Suas ações mais repentinas.

O que já foi e o que ainda está por vir

O que você quer ainda coincide com o que você queria?
Há alguma ligação entre o que você é e o menino que já fora algum dia?
Qual a sua maior e mais bela frustração, meu amigo ou amiga?
Você carrega os fardos só porque eles te fortalecem na descida?
À quais atos a sua vontade lhe instiga?
À nobreza? A bem-querença ou à Vida?
O seu desejo é a estrela que lhe guia?
E que se apaga quase toda manhã para que o sol lhe mostre o que para você é inadmissível?
A dor, a miséria, a superfluidade de uma cama ocupada por dois, mas ainda assim vazia?
É o seu orgulho, então, aquele que prescreve os valores que mais lhe glorificam?
Ou será sua vaidade a mola mestra de toda a sua maestria?
Homens voam longe, mas vivem como mortos, submissos às suas próprias avarias
Alguns já bastante fartos de um manjar apodrecido
Como já me ensinava Nietzsche...

Sobre o ultrapassar-se e o riso

Como fui arrogante!
Como fui mesquinho!
Procurando nos outros aquilo que eu mais queria
E que eu mesmo não tinha
E ainda não tenho, como eu quero, aqui comigo
Chamando de amor
O que não passava e ainda não passa de um misto de sentimentos vizinhos
Raiva, frustração... espírito imitativo!
Invejoso de uma posse que não se realiza quando se deseja sozinho
Oferecendo rosas que morriam sempre dentro de jarros d'água em cima de alguma mesa
Presentes que duram só porque a lembrança também é assassina
Como fui superficial!
Como fui presunçoso!
E que bom que fui descobrindo!!!
Odiando te amei mais do que pressentia que pudesse amar algum dia
Desprezando-me e mudando a minha trilha:
Foi assim que eu quis!
Seria assim se precisasse e pudesse fazer as mesmas travessias!
Nunca houve voltas
Há somente tentativas
Outras colisões
E depois dos ferimentos
Dos curativos, das saudades e das alegrias que não terminam
Uma boa dose de gargalhadas
Para mostrar que não há cura
E que a gente fica correndo tanto
Procurando se entender com tudo isso.

Um comentário:

  1. vc demorou pra começar a escrever mas voltou com muita coisa na bagagem.te admiro muito.e concordo com vc mesmo estando perto é como se estivessemos tão longe.queria que as pessoas tivese coragem de disser o que realmente sente ão em vez de se esconder..muitas vezes se escondemos pelo simples fato de der medo de ouvir um (não).e assim caregamos a famossa pergunta o que deveria ter acontecido se eu não estivese desistido facil do que eu queria?é o medo nos mata né.continue assim te a....

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