Estou
sustentando esse pilar há tanto tempo que já nem consigo imaginar
algum motivo. Aguento firme, pois também dependo dessa convenção
para me salvar, não ser repreendido. Minha família me ensinou o que
é correto. As escolas por onde passei reforçaram esses sentimentos
alheios
aos conflitos.
Ajudaram-me muito
com meus comportamentos. Ah, todos os direitos me são previamente
garantidos! Mesmo
aqui, parado, tenho acompanhado todos os resultados. Isso me mantém
afastado de todos os fracassos e arrependimentos. Ainda bem que me
instruíram tão bem, pois assim fica muito mais fácil viver
sem correr perigo.
Às vezes me sinto um pouco cansado; percebo, então, que não vou
mais suportar, mas meus amigos estão sempre por perto e me convencem
a continuar lutando pelo que é justo
e nunca desmedido.
Desistir, agora, seria um crime. O que os outros iriam pensar se até
mesmo o criador, todo bondade e sabedoria, me ameaça com o seu
castigo? Aqui há o verdadeiro incentivo. Os objetos confortam. A
propaganda magnetiza. Os passatempos consolam. Evitam que você perca
o seu tempo refletindo sobre esse tal de genocídio. Desse modo, eu
fico bem e espero que você também acerte
o passo o quanto antes de sua quase vida.
Você não pode, não deve, não tem como
querer
algo além disso. Será logo visto com desdém. Sem sentido.
Indiferente ao que é imprescindível. Eles fazem você se sentir
culpado. Eles fazem você agir com cuidado. Eles fazem você se
sentir isolado. Desejar sinceramente o produto anunciado, pagando
o valor merecido.
Eles fazem você perder as esperanças. Espalhar, por todos os meios,
o veredicto. Pois aqui, devo lhes dizer, também há o verdadeiro
compromisso. O padrão de vida pode e deve ser atingido. Por isso, é
necessário correr, aceitar seu destino, assim como eu estou fazendo,
para ser alguém de prestígio. Eles o querem desse jeito. Investem
em você e só se fala nisso. E você, o que está esperando para
corresponder? Vir comigo? Ajudar-me a dar todo o apoio para esse
edifício? Fazer o que necessita ser feito para não ser esquecido?
Mais um vencedor nesse mundo onde o absurdo é o nosso mestre mais
plausível.
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