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20 de junho de 2011

Colonos

Admiro a filantropia operante nesse império humano. Especialmente por vir se mostrando tão amiga da prosperidade aqui nesse plano. Compartilhando seus sentimentos e seus conhecimentos com todos que vivem em lugares onde reina a selvageria e a crença nos princípios mais profanos. Traçando rotas. Viajando. Abrindo trilhas. Coletando. Nomeando. Contrastando. Catalogando. Espécies. Solos. Indivíduos. Que, sozinhos, não teriam nenhuma chance. Entrevistando e reconhecendo a inferioridade dos costumes e dos valores de todos os estranhos. Orgulhosos por haverem se envolvido com o futuro do que chamam de seus colonos. Harmonizando. Apaziguando. Interferindo – positivamente – na educação desses seres primitivos que não enxergam os prazeres desse incontestável sacrifício. Catequizando. Açoitando. Queimando. Escravizando. Bonificando aqueles e aquelas que assumem serem esses seus verdadeiros sonhos. Vivendo próximos aos senhores por saberem submeter-se sem se indispor a qualquer dissabor. Admiro esse gosto pela conquista. Essa tendência que tanto nos valoriza. Que nos lança ao topo da cadeia por sabermos sermos os preferidos. Sempre que nos envolvemos com afinco. Perseverança. Sorrindo. Com otimismo. Para que todos os outros saibam do nosso papel. Aceitem a inflexibilidade do nosso Destino. Admiro a humildade por pedirem desculpas, além disso. Inventarem novas formas. Novos métodos para nos manter conscientes do que é novo, bom, e que se torna cada vez mais bonito. Com perspicácia e muita valentia. Como realmente se faz preciso. Nesses dias em que ainda não conseguimos andar sem todo esse estrategismo. Econômico. Político. Militar. Científico. Por escolhermos ser sempre tão prestativos.


“Içar a bandeira britânica parece resultar quase que de maneira direta em riqueza, prosperidade e civilização.” [Charles Darwin]

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