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6 de março de 2025

Revolta e rebeldia

Novos ventos sopram de paragens não admitidas. Sacodem os galhos. Espalham as folhas. Grande reviravolta causam na rotina. Sem temor, desiludem os iludidos. Desacreditam a rebeldia tida como única saída diante da ausência de sentido. Mostrando-a como ela é: uma prática de recorrer à adoção de um visual e de uma ideologia qualquer para chamar de sua legítima justificativa. Combo conseguido, exibido e estampado como sinônimo de identidade nas vitrines do dia a dia. Advindo do trabalho morto, aquele que é feito para gerar dinheiro e retroalimentar toda a estrutura de domínio. Usado como mais um curativo para as crises individualistas. Humanos feitos iscas. Livres. Nunca na história tão livres para imitar, recriar e garantir a eficácia do próprio escravismo. Hedonistas fadados ao distanciamento de si e da sua humanidade. Prontos para fugirem de todo desconforto e sobreviverem mirando um horizonte de reativa fantasia. Compreendidas as motivações intrínsecas da rebeldia e seus impactos nulos na transformação da estrutura multifatorial que a aprisiona, a ação pode se transformar em revolta. Trabalhada, pensada e direcionada com sabedoria. Para fins emancipatórios. Não essa compulsão por anestésicos paliativos.

Mas por que ter pena de si mesmo, em meio a dores generalizadas? Por que fixar-se numa gota d’água? Vamos olhar para o oceano!” [Louise Michel]

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