– E aí, tudo bem?
– Acho que estamos.
– E aí, tudo bem?
– Acho que estamos.
nossa vida
como a vida
na novela
holofotes
que não desfocam
da auréola.
“Somos escritores, e nunca perguntamos um ao outro de onde tiramos nossas ideias; nós sabemos que não sabemos.”
“Eu não queria escrever um livro que me deixasse com a sensação de charlatanismo literário ou babaquice transcendental. Desse tipo de livro – e de escritor – o mercado já está cheio, obrigado.”
“Acredito que muitas pessoas têm pelo menos algum talento para escrever ou contar histórias, e esse talento pode ser fortalecido e afiado.”
“A imitação precedeu a criação.”
“Não existe um Depósito de Ideias, uma Central de Histórias nem uma Ilha de Best-Sellers Enterrados; as ideias para boas histórias, parecem vir, quase literalmente, de lugar nenhum (…) duas ideias que, até então, não tinham qualquer relação, se juntam e viram algo novo sob o sol. Seu trabalho não é encontrar essas ideias, mas reconhecê-las quando aparecem.”
“Muitos anos se passaram – anos demais, eu acho – até que eu perdesse a vergonha do que escrevia. Acho que só depois dos 40 anos me dei conta de que praticamente todos os escritores de ficção e poesia que já publicaram uma linha que seja foram acusados de desperdiçar o talento que Deus lhe deu.”
“Em meu caráter, certa selvageria e um profundo conservadorismo estão entrelaçados quanto fios de cabelo em uma trança.”
“Você começa escrevendo algo só seu, mas depois o texto precisa ir para a rua. Assim que você descobre qual é a história e consegue contá-la direito – tanto quanto você for capaz –, ela passa a pertencer a quem quiser ler. Ou criticar.”
“Pela primeira vez na vida, estava difícil escrever. O problema eram as aulas(…) Na maioria das tardes de sexta eu tinha a sensação de que passara a semana com cabos de bateria presos ao cérebro.”
“Escrever é um trabalho solitário. Ter alguém que acredita em você faz muita diferença. Eles não precisam fazer discursos motivacionais. Basta acreditar.”
“Para mim, a escrita é sempre melhor quando é íntima, tão sexy quanto pele na pele.”
“Parar uma história só porque ela é emocional ou criativamente custosa é uma péssima ideia.”
“Passei os 12 primeiros anos do meu casamento garantindo a mim mesmo que eu ‘gostava de beber, só isso’. Também me valia da mundialmente famosa Defesa Hemingway que diz mais ou menos o seguinte: como escritor, sou um sujeito muito sensível, mas também sou um homem, e homens de verdade não sucumbem à própria sensibilidade. Só os fracos fazem isso. Por isso, eu bebo. De que outra forma eu conseguiria encarar o horror existencial disso tudo e continuar trabalhando?”
“Em 1985, além do problema com o álcool, também me viciei em drogas, mas, ainda assim, continuava a levar uma vida funcional em um nível minimamente competente(…) Não fazia ideia de como levar outra vida. Escondia da melhor maneira possível as drogas que estava usando, tanto por medo, quanto por vergonha(…) Não conseguia pedir ajuda. As coisas não funcionavam assim na minha família. A gente guardava os problemas para si.”
“Comecei a gritar por socorro da única forma que sabia, através de minha ficção, de meus monstros.”
“Em 1986, escrevi Os estranhos, geralmente trabalhando até meia-noite com o coração a 130 batimentos por minuto e cotonetes enfiados no nariz para estancar o sangramento causado pela cocaína.”
“Eu temia não ser mais capaz de trabalhar se parasse de beber e de me drogar, mas decidi que trocaria a escrita pelo casamento e pela chance de ver meus filhos crescerem.”
“Escritores viciados não passam de pessoas viciadas – bêbados e drogados comuns.”
“Ouvi motoristas de caminhão limpa-neves alcoólatras dizerem a mesma coisa, que bebem para acalmar seus demônios.”
“É bem provável que gente criativa de fato esteja mais propensa ao alcoolismo do que gente de outras áreas, mas e daí? Somos todos iguais quando estamos vomitando na sarjeta.”
“Pouco a pouco, consegui reencontrar o ritmo, e depois reencontrei a alegria.”
“A vida não é um suporte à arte. É exatamente o contrário.”
“(…) Livros são uma mágica singularmente portátil.”
“Se eu tiver que passar um tempo no purgatório antes de ir para um lugar ou outro, acho que não sofrerei muito se houver uma biblioteca que empreste livros.”
“Você pode encarar o ato de escrever com nervosismo, animação, esperança ou até desespero – aquele sentimento de que nunca será possível pôr na página tudo o que está em seu coração e em sua mente. Você poderá ficar com os punhos cerrados e os olhos apertados, pronto par quebrar tudo e dar nome aos bois. Pode ser que você queira que uma garota se case com você, ou deseje mudar o mundo. Encare a escrita como quiser, menos levianamente.”
“Uma das piores coisas que se pode fazer é tentar enfeitar o vocabulário, procurando por palavras longas porque tem vergonha de usar as curtas que tem.”
“(…) Seja objetivo e direto. Use a primeira palavra que lhe vier à cabeça, se for adequada e interessante.”
“O sentido é importantíssimo. (…) A palavra é apenas uma representação do sentido. Mesmo nos seus melhores momentos, a escrita quase sempre fica aquém do sentido como um todo.”
“Estou convencido de que o medo é a raiz de toda má escrita.”
“A boa escrita costuma vir ao deixarmos o medo e a afetação de lado. A própria afetação é um reflexo do medo.”
“Escrita é pensamento refinado.”
“Quanto mais você lê e escreve, mais verá seus parágrafos se formando por conta própria.”
“(…) As habilidades mais básicas podem criar coisas muito além de nossas expectativas.”
“A maioria dos gênios sequer compreende a si mesmo. Muitos levam vidas infelizes, percebendo (pelo menos em algum nível) que não passam de aberrações sortudas.”
“(…) Boa parte da crítica literária serve apenas para reforçar um sistema de castas tão antigo quanto o esnobismo intelectual que o alimenta.”
“Se você não quiser sentar o rabo e trabalhar, não há razão em tentar escrever bem.”
“Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer: ler muito e escrever muito. Não há atalho.”
“Cada livro que você pega para ler tem uma ou várias lições, e geralmente os livros ruins têm mais a ensinar do que os bons.”
“A boa escrita, por sua vez, ensina ao escritor aprendiz sobre estilo, narração elegante, desenvolvimento e enredo e criação de personagens críveis, e também sobre como dizer a verdade.”
“Podem servir como estímulo, motivando o escritor a trabalhar mais e mirar mais alto.”
“Se você pretende ser um escritor bem-sucedido, a rudeza deve ser a penúltima de suas preocupações. A última deve ser a sociedade e o que ela espera de você. Se você pretende escrever com a maior sinceridade possível, seus dias como membro da sociedade estão contados.”
“Quando não escrevo todos os dias, os personagens começam a apodrecer em minha cabeça – começam a parecer personagens, em vez de gente de verdade. O frescor narrativo começa a desvanecer e perco o controle sobre o enredo e o fio narrativo. A excitação de criar algo novo começa a perder força. O trabalho começa a parecer trabalho.”
“Acho que parar de fumar me deixou mais lento; a nicotina é um ótimo estimulante de sinapses. O problema, obviamente, é que o cigarro mata ao mesmo tempo em que ajuda a escrever.”
“Quando você escreve, você quer se afastar do mundo, não é? Claro que quer. Quando você escreve, está criando seus próprios mundos.”
“(…) Sobre o que você vai escrever? Sobre o que você quiser – desde que você conte a verdade.”
“Escreva sobre o que você sabe, mas isso está muito longe de ser toda a dimensão de seu conhecimento; o coração também sabe coisas, bem como a imaginação.”
“(…) Mérito literário – uma ideia ridícula, gerada pela vaidade e pela insegurança.”
“A imitação estilística é uma coisa, uma forma perfeitamente honrada de começar como escritor, mas não é possível imitar a abordagem de um autor a determinado gênero, porque vocabulário não é o mesmo que sentimento.”
“Você só não pode esquecer que existe uma grande diferença entre discorrer sobre o que sabe e usar este conhecimento para enriquecer a história.”
“O que você sabe o torna único de alguma outra forma. Seja corajoso. Mapeie as posições dos inimigos, volte e conte para a gente tudo o que você sabe.”
“Histórias são relíquias, parte de um mundo pré-existente ainda não descoberto.”
“Não importa o quanto você seja bom, não importa a sua experiência, é quase impossível retirar um fóssil inteiro do chão sem quebrar ou perder alguma parte.”
“Geralmente, as situações mais interessantes podem ser expressas como uma pergunta do tipo ‘e se’”
“A descrição é o que transforma o leitor em um participante sensorial da história.”
“A descrição pobre deixa o leitor confuso e míope. A descrição exagerada o enterra em detalhes e imagens.”
“(…) Boa descrição consiste em apenas alguns detalhes bem-escolhidos que vão falar por todo o resto.”
“O uso da metáfora e de outras figuras de linguagem é uma das grandes delícias da ficção – na escrita e na leitura, também.”
“Como em todos os outros aspectos da arte narrativa, você vai melhorar com a prática, mas ela nunca vai levar à perfeição. E por que deveria? Qual seria a graça disso?”
“Algumas pessoas não querem ouvir a verdade, mas isso não é problema seu. O problema seria querer ser escritor sem querer ser sincero.”
“O tradicional e o moderno estão aí para você usar. (…) A forma não importa, chega uma hora em que você precisa julgar seu texto e avaliar se escreveu bem.”
“Se funcionar, ótimo. Se não, jogue fora.”
“O simbolismo existe para adornar e enriquecer, não para criar uma sensação de profundidade artificial.”
“Aprimore o que puder aprimorar. Seria estúpido não fazer isso.”
“(…) A boa ficção sempre começa com a história e progride até chegar ao tema.”
“Uma vez que sua história esteja no papel, porém, é preciso pensar no que ela significa e enriquecer as versões posteriores com suas conclusões.”
“O que quero, acima de tudo, é ressonância, algo que vai permanecer por mais algum tempo na mente (e no coração) do Leitor Constante depois que ele fechar o livro e colocá-lo na estante.”
“(…) Acima de tudo, estou em busca do que eu quis dizer.”
“Você não pode deixar o mundo inteiro meter a mão na sua história, mas pode abrir espaço para quem realmente interessa.”
“(…) Descobri que as interrupções e distrações rotineiras não fazem qualquer mal ao trabalho em desenvolvimento e, de certa forma, podem até ajudar.”
“Se você estiver ansioso demais para ser publicado, banque a edição do próprio bolso. Você vai ter uma ideia do dinheiro que gastar.”
“Escrevo porque é algo que me completa. O trabalho pode ter pagado a hipoteca da casa e garantido a universidade para meus filhos, mas isso tudo é consequência – sempre escrevi por paixão. Pela alegria sincera que a escrita me dá.”
“A escrita não é a vida, mas acho que, algumas vezes, pode ser um caminho de volta a ela.”
“A escrita não salvou minha vida – fui salvo pela competência do dr. David Brown e pelo amor e o cuidado de minha mulher –, mas continua a fazer o que sempre fez: transformar minha vida em um lugar mais luminoso e agradável.”
“A escrita não é para fazer dinheiro, ficar famoso, transar ou fazer amigos. No fim das contas, a escrita é para enriquecer a vida daqueles que leem seu trabalho, e também para enriquecer sua vida. A escrita serve para despertar, melhorar e superar.”
“Escrever é mágico, é a água da vida, como qualquer outra arte criativa. A água é de graça. Então beba. Beba até ficar saciado.”
Sobre a escrita - a arte em memórias
medo vira ódio
tarja
consórcio
um traço irrisório
destila
provoca
morto no velório
acusa
opróbrio
destroça
não foge
prossegue no espólio.
Escolheu a moldura com sagacidade. Poliu e envernizou, deixando as farpas na caçamba das possibilidades. Pensou na tela e indagou da criatividade. Qual seria o tema que mais atenção necessitava? Por qual caminho seguiria para prosseguir sua jornada? Juntou os pinceis, misturou as tintas e viu se havia correspondência entre o imaginado e o que começava a ganhar materialidade. Aquilo lhe agradava? Será que instigaria algum comentário? Haveria quem sugerisse que as partes estavam desencontradas? Produzira algo belo e que pudesse ser sustentado em sua totalidade? Ainda que estivesse visando as escavações das interioridades? E quanto ao exterior: notava-se uma fatia de si e dos outros com expressões menos estereotipadas?
não nos condenamos
pelos transtornos que causamos
continuaremos assim
incompletos
aprendendo e reaprendendo
até que a foice da morte
venha e nos decepe.
na contramão
do mercadão das carnes
encontraram suas similaridades
estabelecendo confiança
com ternura
genuinidade
conectaram-se
pactuando sem medo
de demonstrarem suas fragilidades
como seres humanos fizeram planos
continuaram trocando
impulsionando a continuidade
se conhecendo, indagando
sobre as verdades impostas
e as farsas que idealizaram como necessárias.
percebo
desejo
toco
troco
sinto
estremeço
acaricio
vibro
acalento.
aperte este botão aqui
e eu me porto desta maneira
pois é para isto que eu fui feito
não perca o seu tempo
tentando explorar o produto
o manual de instruções eu conheço
me chame por este nome
pois fui batizado por meus patrocinadores
e é assim que eu quero
faço questão de que se divirtam do meu jeito
porque esta é a razão do meu sucesso
aja assim e eu me mantenho constante
até mudarem meu projeto
e eu necessite de outros comandos
para responder a contento.
não prometia
nem planejava
não se envolvia
nem se entregava
não corria risco algum
mas também não se safava
sendo o estepe que não bastava.
na sua agenda
quero ser mais um
entre as suas listas de contatos
para ser chamado
sempre que você precisar
e quiser achar que é indispensável
tudo para satisfazer
nosso desejo pelo poder de atração
nossa vontade de testar nossos avatares.
Há tempos que não se via mais a surpresa. Nessas cidades tomadas por coaches e influencers. Onde as pessoas se rendiam à graça de ficarem prontas definitivamente. Fazendo, enfim, tudo certo. E acabarem resignadas dentro dos tirânicos modelos. Ela se surpreendeu. Se revoltou com tantas imaginações inexploradas. E usadas para fins tão funestos. Cansou-se depois de um tempo. Arrumou seus pertences. E se mudou para outro lugar. Onde a espontaneidade atraía e alegrava. Aqueles que vivenciavam suas relações com um aprendizado singelo.
convencional por demais
menções honrosas
aos melhores estudantes
aos outros, a margem.
Nas novas ditaduras implantadas. Corre uma multidão enfurecida e alucinada. Em pânico de descobrirem suas inseguranças. E acabar vulnerável. Competindo pela felicidade. Não qualquer felicidade. Aquela que, para exaltar as aparências, fora planejada. Individualista & desesperada. Os resultados? Sem integração e generosidade. A grande maioria fica solitária. Lutando por objetivos particulares. Currículo invejável, carreira bem sucedida, grana e viagens. Aventuras as mais variadas. Que ofuscam as miragens. Canonizam os entrincheirados. Já que substituem o contexto. Pela aclamação do mérito pessoalizado. Sabendo. E às vezes até querendo algo mais. Talvez uma lasca de presencialidade. Uma querela de intensidade. Um resto qualquer de sinceridade.
às vezes é necessário uma base
para que outras camadas
possam ser acrescentadas
às melodias que vão sendo gestadas
engendrando dinâmicas inesperadas.
aquele antigo delírio em acreditar que representantes particularistas ainda hão de atender às necessidades coletivas.
e que sobrevirá ao menos uma sensação de vivermos em um país menos desigual, pois todos e todas assim agiriam.
narrativas omissas
com muita pressa
sem as nuances que embelezam
mitomania exagerada
ficção para sustentar
nossos piores elementos
vivenciando a era
dos experimentos abjetos
repetindo ações e pensamentos
distantes do que dizemos
sobre a felicidade coletiva
a qual buscamos
esperando que ela nos seja entregue.
não é a mudança
que assusta
o que perturba
é a conservação
das velhas formas
de fingir
que há permuta.
tem aversão à idolatria?
não quer acabar dentro dessa tina?
de que vale toda essa métrica
se não pode interagir com seu eu coletivo?
se inquieta
e se angustia?
procura saciar sua sede de sorver,
justificar e conviver com sua mentira?
ou só quer usufruir do mundo
guardar as músicas na caixinha?
remexer quando for conveniente
se esconder como se fosse sua sina?
“É uma sabedoria básica: Onde quer que a multidão vá, corra na outra direção. Eles estão sempre errados. Por séculos estiveram errados e sempre estarão errados.”
Desliga o despertador. Levanta-se da cama e corre até o banheiro. Aciona o modo alerta com o impacto da água do chuveiro. Olha-se no espelho. Remexe na gaveta. Seleciona um combo específico de remédios. Volta ao quarto. Retira um sorriso novo em folha do guarda-roupa. Boceja mais um pouco. Enquanto vai acoplando esse objeto até sentir o atrito com o lado oposto da sua pele. Vislumbra um corpo estatelado sobre a cama. Procura, mas não encontra qualquer lembrança em sua mente. Só os vestígios turvados que não alteram a posição habitual do seu termômetro interno. Veste-se elegantemente. Otimista. Com os elogios e as investidas que vem recebendo dos perfis adicionados recentemente. Alcança o celular e checa os resultados. Será que as novas fotos foram suficientes? Propostas para jantar. Cinema. Motel... Deixa para depois o veredito. Precisa analisar melhor como eles se definem e quais são as suas redes de amigos. Sem se esquecer de afastar a espontaneidade e prezar pelas regras do mundo corporativo. Como bem reza a cartilha. Pega a chave do carro e sai pensando em como conduzirá as conversas para que elas transitem invariavelmente em torno de si. E de quão fantástica vem sendo a sua vida. Desce pelo elevador e dispara com o carro pelas ruas tomadas pelas aberrações sempre mal amadas que só lhe causam aversão e vontade de ir viver em outro país. Onde o sol não lhe pareça como algo estranho. Parte de outro universo onírico. No qual consiga se reconhecer e interagir. Com sentimentos genuínos. Por precaução, coloca os óculos escuros. E segue. Sempre sorrindo.
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Nesse hospital. Aguardando por uma ultrassonografia. Senti, pensei. Se precisamos de cuidados na infância e na adolescência. Se continuamos precisando desse achego na velhice. Então, por que negar essa necessidade na vida adulta? Como se, vencendo fases, nos tornássemos blindados, insensíveis. Tal como deuses que são exemplares em seus abandonos e desapegos para sustentarem a doação de uma liberdade de mentira? Compreendo que depois de alguns dissabores, desilusões, traições. Fica mais difícil pensar em criar elos. Talvez pareça mais fácil e prático defender-se, mas onde esconder ou para que lado canalizar essas pulsões intrínsecas? Muitos já tentaram enterrando-se em seus trabalhos. Experimento fracassado. Outros viciaram-se em álcool, drogas, sexo, jogos, comida… Procurando sensações análogas, mas as frustrações ainda persistem. Vendo esses homens e essas mulheres com suas saúdes extremamente comprometidas. Fragilizados e muito gratos por serem acolhidos. Intuí que não há motivos para toda essa esquiva. De deixar claro o que nos é imprescindível. Convívio, troca, carinho. Que isso seja explícito. Sem covardia. Nada de fingir, forjar uma armadura ou continuar com essa guerra. Entre quem somos e como somos. Nesse universo de partículas interativas.
remexa o solo
cave com intento
até atravessar os lençóis
então, reconecte-se.
Amanheceu mais uma vez
É hora de acordar para vencer
E ter o que falar, alguém para mandar
Uma vida pra ordenar, poder acumular
E ai então viver. Viver e prosperar
Mais nada a pensar. Me myself and I
E assim permanecer. Credicard, status quo
É tudo que penso ser, ilusão é questionar
O sonho médio vai, vai te conquistar
E todo dia iremos juntos ao shopping pra gastar
Ter e sempre acreditar. Princípio, meio e fim
A hipocrisia vai vencer, vou sorrir pra você
Será uma festa em meio ao caos e as pessoas feias pagarão
Pois somos os eleitos, pelo menos achamos ser
Nossa raça é superior, mas vou fingir ser daquela cor
Roberto Campos é o nosso gurú
E para sempre seremos liberais pra trabalhar, pra viver!
Não importa se meus filhos não terão educação
Eles tem que ter dinheiro e visual
O sonho médio vai, vai te conquistar
Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar.
Dentro do movimento há vários movimentos. Estilos. Gêneros. Punk Rock. Hardcore. Rap. Metal. Ska. Guitar. Indie. Grunge. Rockabilly. Psychobilly. Blues. Reggae. Músicas. Fanzines. Skate. Literaturas. Filosofias. HQ’s. Grafite. Autoconhecimento. Protestos. Rádios comunitárias. Coletivos. Anarquismos. Feminismos. Veganismo. Straight Edge. Splits para os trabalhos circularem entre os parceiros. O underground como contraponto ao mainstream. Essa badalação indigesta. Tantas e tantas vezes sectária. Super produzida a ponto de suprimir o humano. Esta incompletude latente. Que aciona as possibilidades de fazer o inverso. Sou grato pelas cartas trocadas. E ao que aprendi com a expectativa pelas suas idas e vindas através dos correios. Os flyers que recebia. Sobre as bandas. Os escritores e suas publicações. Os shows. As cenas que se apoiavam. Sem descartar os conflitos ideológicos. E os desentendimentos. Os releases. As fitas demo e os zines que trocava ou comprava. Tudo isso me levou a entender. O até então estranho “do it yourself”. Contracultura. Resistência. Sou grato por fazer parte desse meio. Crescer com essa referência. Como alternativa aos padrões de comportamento. Esperados de um jovem interiorano. Querendo livrar-se das inumeráveis correntes. Do familiar pressionamento pelo ilusório sucesso. Grato, pois com esses elementos. Pude ampliar meus horizontes de escolhas. Encontrar o que queria. Fazer o que penso ser justo ao menos para comigo mesmo. Respeito mútuo. Anticonsumismo. Posicionamento. Nas relações entre os seres. Que hoje sabemos ponderar. Por relativizarmos essa busca delirante pela atuação perfeita. Inventada e invejada na ânsia por fazer parte dessa névoa de gente. Motivada pelo medo. De frustrar. Se rever. E aprender com o que amaldiçoadamente se tem para viver. Com o seu toque. A sua verve.
testo o texto
que me sirva de pretexto
para relê-lo
ouvi-lo
entender o que me fez
escrevê-lo.
Escrevo porque essa paródia da vida não me convence. Entendo que o humano pode ser apreendido com a ajuda de outras lentes. Que o percebam como um elemento muito mais complexo. Daí enveredar pelas nuances, sinais, intuições, sutilezas. Que nos alçam aos céus das palavras não ditas. Aos solos onde germinam os gestos que não se mostraram por medo. Fugidios através de avatares cada vez mais interativos. Mas facilmente desconstruídos. Quando não são validados a tempo. Nesse passatempo de indivíduos que batalham arduamente pela vitória de seus egos. Toda uma gama de pormenores se une para reconstituir nossos vazios. Que transbordam desses imprescindíveis recheios. Pressionemos esses padrões. De nivelamento. Para que eles se expandam. Não apenas permaneçam. Sobretudo nesse tempo. Progressista. Mas que conserva as mesmas maneiras. Reproduzindo essa liberdade de outdoor. Que almeja tudo o que o presente lança à sua frente. Para que assim haja ao menos alguma migalha. Um pedaço de proveito. Caso contrário, outro o fará. E de nada adiantará reclamar da sorte que não teve. Sinceros. Com nós mesmos. Quando esses olhares tão apagados. Contrafeitos. Acenam para valores um pouco mais coesos. Reavaliados. Somente quando das constatações do insuportável desespero. Dos quase sujeitos. Que se revelam ainda mais. Quanto mais acreditam que se escamoteiam.
Observa algumas pichações pelos muros da cidade. “Mindset é o caralho!” “Amor, porra!” O que estas manifestações revelam? O que leva essas pessoas. A agirem dessa maneira? Reflete. Pois compartilha dessas percepções há algum tempo. A tal ponto que já não consegue deixar de reagir. Como parte. Presente. Seremos as máquinas que tudo produzem. Consomem. Descartam. Votam. Competem. E se esquecem progressivamente de si mesmas? Quais pegadas deixaremos. Para os que hoje sequer se sentem como sujeitos? Quantas medalhas, troféus ou bandeiras. Exporemos em nossas quase casas para provarmos o valor de uma reputação que nos nega? Anda em busca de discernimento. Pois o interpessoal caminha incontinente. Por paragens desertas. E até receia demonstrar seus afetos. Pois muitos o interpretam como invencionice de gente insegura. Dependente. Que não investe o suficiente em suas carreiras. Num bom jogo de deixar rolar. E não lutar pelo que queremos. Rumina por dias e noites esses pensamentos. Até, quem sabe, colidir com a disposição para parar. Refletir sem toda essa pressa. Reconhecer o delírio coletivo. A profundidade do ferimento. E não simplesmente seguir. Sem saber o que uma existência pode significar. Nesse contexto. Da angústia que nos invade. Como vontade. Necessidade que as engrenagens fazem de tudo para nos ludibriar. E esquecermos.
eu era a espera
já fui a esfinge
quando descobri
essa guerra dentro de mim
estranhei
escondi
agora sou assim
um pouco disso tudo
e ainda um infinito
de possibilidades
que posso vir
a descobrir.
nos limites das palavras
procura pelas dosagens
atitudes
espontaneidade
recheadas de emoções
impensadas
para recriar/reviver
trocar com equidade
não se confundir
com as flores jogadas das sacadas.