Minas
Borboletas
azuis
Horizonte
perdido
Rio
do inferno
Lugares
diferentes
Busca
há muito já sentida
Vontade
muito pouco debatida
Histórias
contadas ao sabor da chuva
Dentro
de uma barraca amiga
As
águas da cachoeira deslizam
Ainda
agora
Entre
as rochas com formatos mistos
Um
casco de barco sendo esculpido
Uma
piscina natural com pedras ao fundo
Que
também se gastam
Se
renovam
E
passam
Conforme
aumenta a corrida
Das águas tranquilas...
Fragmentos que libertam e também
escravizam
Ao
acaso de um objeto
Que
da paisagem se desprendia
Não
somente olhava
Talvez
nem sequer ouvia
Transitava
Fluía
Junto
com os anos
E
a sondagem de alguns dias
Lembrava-se
E
relembrando
Não
revivia
Revidava
Mas
não era a vingança o que queria
Com
novas estruturas
Significava
e ressignificava
O
que lhe afetava
E
o tipo de afeto que sentia
Amadurecia
e morria
Como
toda vida
Memórias
frágeis
Desleais
Convencidas!
Preenchidas
com as ilusões passadas, presentes
Futuras
anestesias
Que
também se tornariam ausentes
Como
as melhores companhias
Resíduos
que o corpo sovava
Procurando
alguma liga
Sobre
o quê era
Quem
era
E
para quê eram feitas
Suas
ações mais repentinas.
O que já foi e o que ainda está por vir
O
que você quer ainda coincide com o que você queria?
Há
alguma ligação entre o que você é e o menino que já fora algum dia?
Qual
a sua maior e mais bela frustração, meu amigo ou amiga?
Você
carrega os fardos só porque eles te fortalecem na descida?
À
quais atos a sua vontade lhe instiga?
À
nobreza? A bem-querença ou à Vida?
O
seu desejo é a estrela que lhe guia?
E
que se apaga quase toda manhã para que o sol lhe mostre o que para você é
inadmissível?
A
dor, a miséria, a superfluidade de uma cama ocupada por dois, mas ainda assim
vazia?
É
o seu orgulho, então, aquele que prescreve os valores que mais lhe glorificam?
Ou
será sua vaidade a mola mestra de toda a sua maestria?
Homens
voam longe, mas vivem como mortos, submissos às suas próprias avarias
Alguns
já bastante fartos de um manjar apodrecido
Como
já me ensinava Nietzsche...
Sobre o ultrapassar-se e o riso
Como
fui arrogante!
Como
fui mesquinho!
Procurando
nos outros aquilo que eu mais queria
E
que eu mesmo não tinha
E
ainda não tenho, como eu quero, aqui comigo
Chamando
de amor
O
que não passava e ainda não passa de um misto de sentimentos vizinhos
Raiva,
frustração... espírito imitativo!
Invejoso
de uma posse que não se realiza quando se deseja sozinho
Oferecendo
rosas que morriam sempre dentro de jarros d'água em cima de alguma mesa
Presentes
que duram só porque a lembrança também é assassina
Como
fui superficial!
Como
fui presunçoso!
E
que bom que fui descobrindo!!!
Odiando
te amei mais do que pressentia que pudesse amar algum dia
Desprezando-me
e mudando a minha trilha:
Foi
assim que eu quis!
Seria
assim se precisasse e pudesse fazer as mesmas travessias!
Nunca
houve voltas
Há
somente tentativas
Outras
colisões
E
depois dos ferimentos
Dos
curativos, das saudades e das alegrias que não terminam
Uma
boa dose de gargalhadas
Para
mostrar que não há cura
E
que a gente fica correndo tanto
Procurando
se entender com tudo isso.