“O
sistema formal de educação, em geral, é baseado em princípios
predatórios, em uma racionalidade instrumental, reproduzindo valores
insustentáveis. Para introduzir uma cultura da sustentabilidade nos
sistemas educacionais, nós precisamos reeducar o sistema. Ele faz
parte do problema, não é somente parte da solução.”
“O
que estamos estudando nas escolas? Não estamos construindo uma
ciência e uma cultura que estão servindo apenas para a degradação
do planeta e dos seres humanos?”
“Está
claro que entre sustentabilidade e capitalismo existe uma
incompatibilidade de princípios. Como pode existir um crescimento
com equidade, um crescimento sustentável, numa economia regida pelo
lucro, pela acumulação ilimitada e pela exploração do trabalho?”
“Desenvolvimento
sustentável só tem sentido numa economia solidária, uma economia
regida pela compaixão e não pelo lucro.”
“O
conceito de ‘desenvolvimento sustentável’ é bem simples:
trata-se do desenvolvimento que atende às necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade das gerações futuras em atender a
suas próprias necessidades.”
“A
economia solidária está fortemente ligada à necessidade de
formação cultural. Trata-se de uma mudança profunda de valores e
princípios que orientam o comportamento humano em relação ao que é
e ao que não é sustentável.”
“Necessitamos
de uma economia que não coloque o mercado livre e o lucro como
centro de tudo.”
“Para
mudar o modo pelo qual os homens hoje produzem e reproduzem a sua
existência é preciso mudar a lógica que preside esse modo de
existir humano.”
“A
sensação de pertencimento ao universo não se inicia na idade
adulta e nem por ato de razão. Desde a infância, sentimo-nos
ligados a algo que é muito maior do que nós. Desde criança nos
sentimos profundamente ligados ao universo e nos colocamos diante
dele num misto de espanto e de respeito."
“Fazemos
escolhas! Nem
sempre temos clareza delas. A educação carrega de intencionalidade
nossos atos. Precisamos ter consciência das implicações de nossas
escolhas. O processo educacional pode contribuir para humanizar o
nosso modo de vida. Temos que fazer escolhas. Elas definirão o
futuro que teremos.”
“A
formação está ligada ao espaço-tempo no qual se realizam
concretamente as relações entre o ser humano e o meio ambiente e os
seres humanos entre eles mesmos. Elas se dão, sobretudo, ao nível
da sensibilidade, muito mais do que ao nível da consciência.”
“Precisamos
de uma ecopedagogia e uma ecoformação; precisamos de uma Pedagogia
da Terra,
justamente porque sem essa pedagogia para a ‘re-educação’ do
homem/mulher, principalmente do homem ocidental, prisioneiro de uma
cultura cristã predatória, não poderemos mais falar da Terra como
um lar, como uma toca, para o ‘bicho-homem’, como dizia Paulo
Freire.”
“Sem
uma educação para uma vida sustentável, a Terra continuará apenas
sendo considerada como espaço de nosso sustento e de nosso domínio
técnico-tecnológico, um ser para ser dominado, objeto de nossas
pesquisas, ensaios e, algumas vezes, de nossa contemplação. Mas não
será o espaço de vida, o espaço do aconchego, de ‘cuidado’,
como sustenta Leonardo Boff.”
“Não
aprendemos a amar a Terra apenas lendo livros sobre isso, nem livros
de ecologia integral. A experiência própria é fundamental. Plantar
e seguir o crescimento de uma árvore ou de uma flor... Observar uma
plantinha que cresce viçosa no meio de uma parede de cimento.
Acariciá-la, contemplar com ternura o pôr-do-sol... São múltiplas
formas de viver em relação permanente com esse planeta generoso e
compartilhar a vida com todos os que o habitam ou o compõem.”
“A
vida tem sentido, mas ele só existe em relação.”
“Existirão
outros planetas fora do sistema solar que abrigam a vida inteligente?
Se levarmos em conta que a matéria da qual se originou o universo é
a mesma, é muito provável. Mas, por ora, só temos um que é nosso
amigo. Temos que aprender a amá-lo.”
“As
crises criadas pelos seres humanos no planeta estão mostrando, todos
os dias, que somos seres irresponsáveis. Educar para o
desenvolvimento sustentável é educar para tomar consciência dessa
irresponsabilidade e superá-la.”
“Este
início de milênio caracteriza-se por um enorme avanço tecnológico
e também por uma enorme maturidade política: enquanto a internet
nos coloca no centro da era da informação, o governo do humano
continua muito pobre, gerando misérias, deterioração e guerras sem
fim. Quinhentas empresas transnacionais controlam 25% da atividade
econômica mundial e 80% das inovações tecnológicas. A
globalização econômica capitalista enfraqueceu os estados
nacionais impondo limites para a sua autonomia, subordinando-os à
lógica econômica das transnacionais. Gigantescas dívidas externas
governam países e impedem a implantação de políticas sociais
equalizadoras.”
“As
empresas transnacionais trabalham para 10% da população mundial que
se situa nos países mais ricos, gerando uma profunda e inadmissível
exclusão. Esse é o cenário da travessia para outra globalização.”
“O
neoliberalismo propõe mais poder para as transnacionais e os
estadistas propõem mais poder para o Estado, reforçando as suas
estruturas. No meio de tudo isso está o cidadão comum, que não é
nem capitalista nem estado.”
“A
resposta parece estar além destes dois modelos clássicos e muito
além de uma suposta ‘terceira via’, que deseja apenas dar
sobrevida ao capitalismo, provocando ainda maior exclusão social. A
resposta parece vir hoje do fortalecimento do controle cidadão
frente ao Estado e ao mercado. É a sociedade civil fortalecendo sua
capacidade de governar-se e de criar mecanismos de gestão pública
não estatal.”
“Para
nos dimensionar como membros de um imenso cosmos, para assumirmos
novos valores, baseados na solidariedade, na afetividade, na
transcendência e na espiritualidade, para superar a lógica da
competitividade e da acumulação capitalista, devemos trilhar um
caminho difícil.”
“Nenhuma
mudança é pacífica. Mas ela não se tornará realidade, orando,
rezando ou simplesmente pelo nosso puro desejo de mudar o mundo. Como
nos ensinou Paulo Freire, mudar o mundo é urgente, difícil e
necessário. Mas para mudar o mundo é preciso conhecer, ler o mundo,
entender o mundo, também cientificamente, não apenas
emocionalmente, e, sobretudo, intervir nele, organizadamente.”
“O
racionalismo deve ser condenado, sem condenarmos o uso da razão. A
lógica racionalista nos levou a saquear a natureza, nos levou à
morte em nome do progresso. Mas a razão também nos levou à
descoberta da planetaridade.”
“Consideramo-nos
‘superiores’ pela nossa racionalidade e exploramos a natureza sem
cuidado, sem respeito por ela. Não nos relacionamos com a Terra e
com a vida com emoção, com afeto, com sensibilidade. Nesse campo,
estamos apenas engatinhando. Mas estamos aprendendo.”
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