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7 de agosto de 2011

Luto

Se uma formiga lhe perguntasse: o que te leva a acabar com minha vida? Por que há de ser você, sensitiva sabedoria, quem decide sobre o meu destino? O que você responderia antes de praticar mais um extermínio? Por que, através de seu comportamento, você insiste em seguir essa alternativa suicida? À quais signos ou símbolos você recorreria? Haverá saída para a competição cooperativa? Não reconhecer os próprios equívocos colocará a espécie humana num lugar mais bonito? Será essa uma boa forma de exercitar o seu espírito? Por que medir a vontade alheia a partir da própria disposição corporativista? Se as artes que você cria só lhe lança ao culto de uma dimensão captada pelo imediatismo. Se as teorias que você defende não indicam o caminho para uma integração planetária necessária aos mesmos recursos quase extintos. Se uma abelha lhe dissesse: só te piquei porque você estava queimando minha casa junto com minhas filhas. Quais sentimentos você escolheria para ferra-se à sua justiça? Essência intrínseca a se realizar ou história a se construir todo dia pelas escolhas individuais coletivas? Com a gentileza de quem inventou a confiança no amor e a traiu porque queria se divertir. Substituir. Com o orgulho de poder pagar por todos os carimbos que a fazem ter a agilidade de quem coloca um bebê no lixo. Se uma árvore lhe questionasse sobre a sua pressa. À qual biblioteca recorreria para expressar a necessidade do progresso e das enfermidades que a atingem? Pegando um bronzeado enquanto a maioria não tem nem a comida. Num quarto de hospital. Dentro de um lar para mostrar. Caminhando por uma estrada. Com um coração para acalmar. No balcão de um bar. Vírus e bactérias que também têm que lutar para sobreviver. Como eu e você temos que agir para que todas as nossas diferenças consigam participar. Juntos dessa procissão que muito anseia por se enterrar.

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