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24 de novembro de 2013

Desespero

        Já pensou que o segredo que tanto procuramos pode estar no fato de não existir segredo algum? Que o pouco que nos acontece, que muito do que nos persegue, que as surpresas que nos despertam, podem ser simples frutos de relações complexas? De nossas intromissões cosmopolitas? Que somos, afinal, bem mais mundanos do que nos acostumamos a admitir? E muito do que sabemos pode ser apenas uma abreviação? Ou mais alguns desses exageros que cometemos todos os dias? Que toda fé e todos os milagres que gostamos tanto de nos revestir e que afirmamos virem só para nos redimir podem se construir a partir de um conjunto de associações que vamos fazendo sobre o que precisamos. Para com o caos uma espécie de segurança poder assumir? E assim suportarmos nossos limites? Sem, no entanto, nos descobrirmos? A vida, quando tem de ser aprendida todo dia, não se torna bem mais convidativa?! Não seremos apenas aprendizes de vários ofícios que nem imaginávamos que pudéssemos vir a nos interessar como sendo sempre novos desafios? Dedicação. Estudo. Entrega. Contemplação. Enfrentamento... Escolhas que fazemos e não confortáveis abrigos. Então, por que o desespero?! Por que o medo sem fundamento, quando este mesmo medo pode nos fazer enxergar além do que já foi visto?! Por que esta vontade de incluir gente que não quer ser incluída?! Que prefere lutar de outro jeito?! E que talvez nem queira ou se disponha a ser tão reconhecida?! Se também queremos ser entendidos e entender para vivermos bem mais comprometidos. Para que deixemos um bom lugar para que as futuras gerações possam crescer. E se desenvolver. Desdizendo inclusive nossas mais relevantes diretrizes. Demonstrando que somos todos membros de uma mesma família, que evolui através de seus erros e acertos. Inventando e aperfeiçoando seus laços, seus fundamentos, seus sentimentos, seus juízos. Apesar de cansado, quero acreditar que haverá um pouco mais de paz e de sossego quando toda essa corrupção deixar de ser motivo de vergonha e se transformar em mais um fato que não tem a mínima razão de existir. Porque esta tendência de possuir todo este poder haverá sido extinta. Não será mais imitada, ensinada ou reproduzida com o todo o ímpeto de uma empresa que só gera resultados positivos. Limitando nossos não menos impactantes jeitos de nos percebermos. Perecermos vivos.

Um comentário:

  1. "Ele viveu na sociedade, mas contemplou as estrelas e o universo... Amou e viveu, entretanto no fundo tinha conhecimento da fragilidade da existência, não suportou a revelação... Breve concluiu que existia, e isso não foi um benefício..."

    O mal do século!!!

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