Desfez
a piada. De um livre arbítrio concedido como graça. Para aqueles e
aquelas cuja fé fora imposta e os condenava. Assim, sem mais nem
menos, por toda a eternidade. Despediu-se. Soltando uma sonora
gargalhada. Considerando a fragilidade de todas as teologias. Que se
defendem do questionamento apelando à ira de um ou mais deuses bons
que autorizam todas as humanas crueldades. Passou, então, a
pesquisar com outros métodos, em várias fontes, para explicar os
fatos que há anos o incomodavam. Independente de toda e qualquer
autoridade. Livre para conjecturar sobre nosso profano passado,
presente e futuro seculares. Sabendo que as respostas, agora, só
serviriam provisoriamente. Nada mais de verdades eternas. Escrituras
sagradas. Sacrilégios. Comércio de indulgências. Tribunais
montados como recurso escuso de um clero acostumado com os
assassinatos. Ofendendo nossa dignidade. Barrando nossas
possibilidades de abrirmos as cortinas e finalmente enxergarmos. As
estratégias destes personagens que, às vezes tão carismáticos,
fingem que se importam com as desigualdades, mas não podem deixar de
alimentá-las. As guerras com estas motivações, que há séculos
vem sendo camufladas, não foram capazes de nos mostrar que toda essa
conversa de terra prometida, povo escolhido, gente que se julga mais
abençoada, só vem estimulando atitudes sectárias? Que todo
fanatismo cada vez mais nos distancia de reconhecermos nos outros e
outras a nossa própria humanidade?!
28 de novembro de 2015
Batizado
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04- TEXTOS
Magaiver
Carrega
uma porção de coisas que não sabe se algum dia já precisou ou se
ainda vai vir a precisar. É engraçado, pois às vezes tem de
retirá-las para entrar em certos lugares e você não imagina
quantas são as expressões que ele é capaz de observar! Pelo que
pude perceber, as que ele mais gosta são aquelas que se mostram após
a espera ansiosa por cada objeto que vai surgindo como se isso desse
aos curiosos mais certeza sobre o seu estado mental. Acho que é
graças a elas que ele insiste em continuar a coletá-las. Talvez
seja este o prazer que o leva a não as abandonar. É, talvez, mas,
nesse caso, não é tão acertado afirmar. O fato é que cada uma
delas têm um valor que só ele foi capaz de dar. Estranho que as
pessoas não entendam e pensem que o estão ajudando ao lhe mostrar
que tudo não passa de mais um jogo de sua imaginação que age assim
porque também precisa de mais espaço para se exercitar. Como se não
tivesse sido ele mesmo o responsável por cortar os bolsos de suas
calças! Para que essas coisas não o incomodem demais. E ele possa,
afinal, caminhar mais leve. Por outros caminhos. Onde elas acabam
sempre por lhe encontrar.
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04- TEXTOS
Pensar
Pensar é tentar
Pensar é reagir
Pensar é encarar
Pensar é fugir
Pensar é acreditar
Por poder duvidar
Das crenças que se chocam
E já não sabem como conciliar
os seus meios e os seus fins
Pensar é procurar
Novos alicerces
Em que possamos nos firmar
Para com a realidade continuarmos
a seguir.
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04- TEXTOS
6 de setembro de 2015
Nossa oferta
Seus
métodos são realmente demais! Fragmentar para melhor controlar.
Confundir para conseguir legitimar. O poder de usar os meios
concedidos como prêmios para fazerem o grande favor de conosco se
comunicar. Focalizar o telescópio mundial em desafios exclusivamente
locais. Como se as suas campanhas de caridade pudessem realmente
ajudar. Celebridades abusando de nossa paciência. Fazendo tudo o que
seus senhores conseguem imaginar. Desumanizando-se a si mesmas e
esbravejando quando novos objetos precisam tomar o seu lugar.
Transmitindo os sinais. Abrindo novas filiais. Disputando a audiência
que vai lhes entronizar. Garimpando lucros onde o que é coletivo
começa a sangrar. Capas. Manchetes. Matérias sensacionais.
Informações uniformes. Sobre lugares paradisíacos que não podemos
frequentar. Tudo isso para que a gente possa, afinal, desfrutar. De
todos os seus sonhos no conforto do nosso lar. E depois voltar a
trabalhar. Com afinco. Para que o que produzimos todos os dias
conseguirmos a eles entregar. Com um sorriso sincero no olhar. Como
que a lhes agradecer. Por nos governar. Por nos proteger. E evitar
que a gente se sobrecarregue com todas as questões que envolvem o
nosso tempo presente e também o que ainda virá.
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04- TEXTOS
Espaços democráticos
“...Meu
sonho era fundar uma escola em que os jovens pudessem estudar sem
aborrecer-se; em que fossem estimulados a formular problemas e a
discuti-los; uma escola em que ninguém precisaria dar atenção a
discussões indesejáveis em torno de questões desinteressantes; uma
escola em que não fosse preciso estudar com o único objetivo de
passar nos exames.” (Karl Popper)
É preciso afrontar. Reagir. Debater sem medo de nossas zonas de conforto abandonar. Desconstruir as velhas estruturas do período colonial ou do regime militar que ainda nos ameaçam quanto o que nos interessa é a formação do ser humano total. Capaz de constatar que a aceitação desta noção de harmonia imperturbável só tende a nos limitar. Iludindo-nos a ponto de mantermos os velhos hábitos como instâncias sagradas com as quais não devemos jamais nos ocupar.
É
desafiador encontrar. Dentro de uma escola. Dentro de uma família.
Em qualquer instituição que pode e deve ir além do simples
funcionar. Tantas propagandas reforçando a ideia de que não há
outras formas de ser. Ou de estar. Se basta olharmos além de nossos
preconceitos para nos defrontar com tantos seres, tantos outros
jeitos de contribuir para a nossa tão necessitada dinâmica social.
Já
fomos “visitados” por uma santa católica. Há orações em todos
os começos de períodos e até no início de algumas aulas de
alguns(as) professores(as) muito perspicazes em seus conteúdos, mas
que se equivocam quando chega a hora de praticá-los. Agora são as
famosas missões populares. Alertando sobre a necessidade de nossas
casas virem a visitar. Para o valor da sua fé nos ensinar. Seremos
vistos como pessoas ou simplesmente como seres passíveis de
arrebanhar? Não será essa mais uma forma de violência com a qual
já nos cansamos de suportar, apesar de todos os apelos para nos
categorizar como mais um povo cordial? Ou será que você também
concorda com essa estupidez de estado-laico-católico que muitos de
nós tivemos o desprazer de se ver anunciar?
Se
tivessem bom senso. Se ao menos estivessem certos de que também
podem errar. As leis não haveriam de ser a base sobre a qual nossas
ações deveriam se apoiar. No papel. Nos discursos. Nas situações
em que podem tirar algum proveito. Exigindo somente os seus direitos.
Dizem que querem uma sociedade democrática. Mas é só terem uma
oportunidade. Que toda a fachada de coerência começa a desabar.
Repito:
filas para meninos e meninas, hinos, medalhas, uniformes, etc. são
práticas totalmente desnecessárias. A não ser para manter a
estrutura que nos obriga a viver como seres prontos para nos
resignar. Marginais. Não por opção, mas por imposição de uma
minoria que prefere se esquecer de onde está. Se quisermos um lugar
melhor, precisamos começar a fazê-lo desde já. Deixando para trás
essa papagaiada de que é fundamental para nossas crianças e jovens
aprenderem desde cedo como o mundo lá fora continua a operar.
Recorrendo sempre aos apelos do sucesso para melhor o justificar.
Como
se trabalhássemos numa ilha ou talvez numa nave espacial. Como se
eles(as) não o vivenciassem. Como se o mercado fosse o nosso único
referencial. Não sentissem todo esse peso para encontrar algum
bem-estar. Aprendamos com eles(as)! Ouçamos o que eles(as) vivem a
nos dizer: Chega deste mandonismo paranoico e vamos todos juntos nos
emancipar! Construir nossa convivência a partir das relações,
dentro das instituições que a gente faz!
Por mais que se tente. Não há como deixar passar. Evitar de se
indignar. Estranho seria a gente não estranhar. Como a escola vem
sendo vista com algo alheio, distante, obrigatório por demais. Se
fizéssemos realmente a nossa parte como educadores-transformadores
não haveria graxa, cacos de vidro ou arame farpado nos muros que
circundam a escola, muito menos seres humanos ocupando o espaço da
biblioteca, como prisioneiros(as), fazendo cópias do regimento
escolar, nem livros tidos como proibidos como se esse poder
temporário que todos nós exercemos nos dê o direito de outro índex
reinventar. Como se as inquisições fossem algo normal de se
praticar. Proibindo-os de conhecer os assuntos que quiserem.
Privando-os da oportunidade de da sua liberdade se responsabilizar.
Expandir seus horizontes para agir com o mundo que, assim como a
gente, vive somente porque dispõe da capacidade de mudar.
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04- TEXTOS
23 de julho de 2015
Alfabetizar
Incentivar
o continuum significar
Ler
e escrever, contar e recontar
Para
que outros mundos todos nós possamos encontrar
Registrar
e então desfrutar
Da
alternativa de conseguir rever
Reiterar
Através
das mais diversas manifestações
As
justificativas que criamos sobre o nosso modo de aqui estar
Perceber
Procurar
entender
Desnaturalizar
O
que fizemos, fazemos ou faremos
Daqui
para a frente para nos organizar
Associando
a força, o mérito, as leis e as promessas de segurança
A
um conjunto de medidas
Indispensáveis
para aqueles(as) que sempre lutaram para nos governar
Reinventar
A
nossa convivência para que ela se liberte
Destas práticas que não nos motivam a
crescer, escolher transformar
Castigos e recompensas
Até quando seremos coagidos a concordar?
Como agiremos ou reagiremos
Com autonomia
Se não podemos sequer tentar?!
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04- TEXTOS
19 de junho de 2015
Anti-Social - Corrida (Ensaio 2015)
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05- VÍDEOS
Anti-Social - Anti-Social (Ensaio 2014)
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05- VÍDEOS
Johnny Winter - Rock 'N' Roll Hoochie Koo 1973
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05- VÍDEOS
30 de maio de 2015
The Rolling Stones - Miss You (Live)
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05- VÍDEOS
Rancid - Live In Germany 1998
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11- SHOWS
22 de abril de 2015
Instrução para aceitar o domínio
Ou
formação para compreendermos os seus fundamentos
E
reconquistarmos o que antes fora coletivo?
Quantas
razões nós temos para frequentar uma escola desse tipo?
Se
quase tudo não passa de obrigações e esnobismos
Se
somente nos reconhecem como indivíduos
Capazes
de produzir e consumir sem refletirmos
Relegando
nossa humanidade em nome dessa pseudo justiça
Quantos
valores nós conseguimos admitir?
Se
imaginássemos além das nuvens
Se
procurássemos por outras fontes
Seria
mais fácil encontrar o que nos é recíproco
Se
não nos trancássemos nesta redoma de certezas
Talvez
os fatos nos surpreenderiam
Faríamos
outras representações sobre o convívio
A
nossa prática, então, poderia ser bem mais construtiva
Ao
invés de redundar nesta empreitada tão infrutífera
Conteúdos
para passar num vestibular
Como
se uma profissão fosse tudo do que a gente mais precise
Como
se essa escravidão voluntária fosse a nossa melhor garantia
Disciplinas
que tão pouco prezam pela redescoberta dos sentidos
Dedicam-se
a reproduzir os seus misticismos
Transformando
potenciais em recipientes de informações
Desprezados
por medo de alterarem o estabelecido
Conservando
o que muitos já reconhecem como substituível
Disfarçando
a realidade
Para
garantir um status de superioridade às autoridades
Porque
os educandos(as) desconhecem o conteúdo das cartilhas que utilizam
Educação
para todos se comprimirem?!
Meritocracia
para justificar a ausência de alegria?!
Conhecimento
acumulado sem contextualização acaba engessado
Necessitado
de fisioterapia
Para
readaptar-se e continuar a movimentar-se
Como
o universo que segundo a segundo nos desafia
Incentivando-nos
a encará-lo sob outras perspectivas
Com
qual progresso estaremos comprometidos?
Quanto
vale uma boa posição
Nestes
lugares onde a vida passa assim tão despercebida?
2 de abril de 2015
Helena
Nós
te esperamos
Com
os braços abertos
Os
corações enternecidos
Como
o poeta espera por uma única rima
Como
a música que nos engrandece
E
comunica
Soando
ou destoando da história
Que
nós mesmos construímos
Nós
apenas começamos
Mas
a sua presença já nos inspira
Tal
qual o ator que invade o palco
Porque
é lá que ele se concebe como indivíduo
Apreendendo-se
como existência que significa
E
ressignifica os ensinamentos do dia a dia
Querida
São
tantas as expectativas
Pela
convivência
Pelas
alegrias
Pelos
desafios
De
respeitá-la como vida
Fluindo
Por
todos os seus próprios poros
E
também pelos nossos,
Filha.
Soberania popular
O
que foi visto como solução para a nossa organização
Acabou
se mostrando como a própria danação
Precisamos
mesmo destes representantes?
Dessa
sucessão de governos infames?
Não
sabemos o que fazer?
Ou
nos acovardamos diante desta insana convenção?
Quantos
tributos pagos
Cobrados
pelos nobres
Para
benefício dos próprios nobres
Que
os consomem
Como
velhos esnobes
Estourando
todos os cofres
Como
se de suas promessas
E
da inveja que a muitos move
Conseguíssemos
extrair uma vida menos torpe
Extorquindo
com o consentimento
De
todos que abdicam, esperam e morrem
Iludidos
com a garantia do voto
E
de uma transparência que sempre se esconde
Dizem
que faltam recursos para a aplicação nos setores públicos
Mas
superfaturam todas as obras
E,
sorrindo, expedem seus próprios habeas corpus
Aumentando
ainda mais os nossos impostos
Dificultando
De
comissão em comissão
De
relatório em relatório
De
reforma em reforma
De
concessão em concessão
A
emancipação de cada indivíduo
Com
mais essa ladainha de que o governo é de todos
Enquanto
os conchavos rolam soltos
Para
que se processe todo o espólio
De
nossa dignidade como se fôssemos todos tolos.
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04- TEXTOS
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