Desfez
a piada. De um livre arbítrio concedido como graça. Para aqueles e
aquelas cuja fé fora imposta e os condenava. Assim, sem mais nem
menos, por toda a eternidade. Despediu-se. Soltando uma sonora
gargalhada. Considerando a fragilidade de todas as teologias. Que se
defendem do questionamento apelando à ira de um ou mais deuses bons
que autorizam todas as humanas crueldades. Passou, então, a
pesquisar com outros métodos, em várias fontes, para explicar os
fatos que há anos o incomodavam. Independente de toda e qualquer
autoridade. Livre para conjecturar sobre nosso profano passado,
presente e futuro seculares. Sabendo que as respostas, agora, só
serviriam provisoriamente. Nada mais de verdades eternas. Escrituras
sagradas. Sacrilégios. Comércio de indulgências. Tribunais
montados como recurso escuso de um clero acostumado com os
assassinatos. Ofendendo nossa dignidade. Barrando nossas
possibilidades de abrirmos as cortinas e finalmente enxergarmos. As
estratégias destes personagens que, às vezes tão carismáticos,
fingem que se importam com as desigualdades, mas não podem deixar de
alimentá-las. As guerras com estas motivações, que há séculos
vem sendo camufladas, não foram capazes de nos mostrar que toda essa
conversa de terra prometida, povo escolhido, gente que se julga mais
abençoada, só vem estimulando atitudes sectárias? Que todo
fanatismo cada vez mais nos distancia de reconhecermos nos outros e
outras a nossa própria humanidade?!
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