Páginas

28 de novembro de 2015

Batizado

      Desfez a piada. De um livre arbítrio concedido como graça. Para aqueles e aquelas cuja fé fora imposta e os condenava. Assim, sem mais nem menos, por toda a eternidade. Despediu-se. Soltando uma sonora gargalhada. Considerando a fragilidade de todas as teologias. Que se defendem do questionamento apelando à ira de um ou mais deuses bons que autorizam todas as humanas crueldades. Passou, então, a pesquisar com outros métodos, em várias fontes, para explicar os fatos que há anos o incomodavam. Independente de toda e qualquer autoridade. Livre para conjecturar sobre nosso profano passado, presente e futuro seculares. Sabendo que as respostas, agora, só serviriam provisoriamente. Nada mais de verdades eternas. Escrituras sagradas. Sacrilégios. Comércio de indulgências. Tribunais montados como recurso escuso de um clero acostumado com os assassinatos. Ofendendo nossa dignidade. Barrando nossas possibilidades de abrirmos as cortinas e finalmente enxergarmos. As estratégias destes personagens que, às vezes tão carismáticos, fingem que se importam com as desigualdades, mas não podem deixar de alimentá-las. As guerras com estas motivações, que há séculos vem sendo camufladas, não foram capazes de nos mostrar que toda essa conversa de terra prometida, povo escolhido, gente que se julga mais abençoada, só vem estimulando atitudes sectárias? Que todo fanatismo cada vez mais nos distancia de reconhecermos nos outros e outras a nossa própria humanidade?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário