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11 de maio de 2013

Excomunhão

Desculpe lhe desapontar
Mas o deus que você cultua
Pode ser mais uma ferramenta
Posta em uso para nos escravizar
Desculpe lhe questionar
Mas não entendo por que
Preciso professar uma fé
Imposta por uma igreja
Que, pregando a bondade,
Insiste em assassinar
Fazendo muitos abjurarem
Silenciarem suas opiniões
Para não acabarem em fogueiras
Forcas, calabouços, manicômios ou asilos
Por continuar a procurar
Dando cobertura
Para que todas essas relações de domínio
De humilhação e submissão voluntárias
Possam melhor se justificar
O que me espanta é que quando lhe digo
Que podemos interrogar as convenções sociais,
Ou seja, que se nascêssemos em outro lugar,
Teríamos outros ensinamentos
Seríamos educados a respeitar outros deuses,
Você me diz que prefere não pensar
Que prefere não saber
Que é melhor ignorar
Porque esse tipo de heresia
Pode fazer qualquer fé se enfraquecer
Se esfacelar
O que me indigna é que você quer me convencer
Me encaminhar
Fazer-me pactuar
Enquanto estou apenas tentando dialogar
Debater
Não lhe impor o meu modo de me posicionar
Minha resistência a esta vaidade
A esta falsa segurança
Reside no fato de que
Os ateus e atéias fazem muito mais pelo bem comum
Do que os que creem em entidades sobrenaturais
E competem entre si para melhor se diferenciar
Detestando-se entre si
Prontos para – quantas vezes for preciso –
Guerrear
Uma vez que são os escolhidos para assim reinar
Sobre todas as outras criaturas
Que só querem viver
Sem essas necessidades supérfluas
Para integrar
Cooperando
Convivendo
Sem esse benefício
Essa busca pela recompensa
De se salvar
Quero apenas me libertar da ignorância
Sem a ambição de um sábio
Que a tudo consegue explicar
Mantendo a dúvida acesa
Para as questões que sugerem
Outras formas de olhar
Até minha morte,
Viva o livre pensar!

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