Já sei. Vocês vão me dizer que isso é
relativo e blá, blá, blá... Acontece que estamos dentro de um Estado e não,
vocês não podem fazer o que bem entenderem. Vocês têm direitos, mas também têm
deveres, ok? Vão me dizer que essas escolas são legítimas, têm inclusive
autorização para funcionar e etc. e tal... Que sãos os próprios pais destas
crianças que os matriculam nestas instituições porque assim escolhem,
preferem... Que somos livres e que este mesmo Estado garante o direito das mais
variadas crenças e práticas religiosas... Vão me dizer que eu vou queimar no
inferno por toda a eternidade, mas... Vamos ao que importa. A educação no Brasil
é ou deveria ser laica. Deve, por lei, assegurar aos educandos o acesso ao
conhecimento, a possibilidade ao questionamento, enfim, à construção de seu
próprio pensamento, de seus próprios conceitos. Críticos, criativos, graduais.
Não entupi-los de dogmas, de meias verdades que no fim não passam de mentiras inteiras,
definitivas. Olha a contradição! Olha a impunidade, mais uma vez aqui, bem na
nossa cara, patente como o sol desta manhã! Cadê a educação sem fins lucrativos que aparece na
constituição? Cadê os recursos desta educação privada revertidos em mais
educação? Estas escolas investem o quê em pesquisas científicas para aprofundar
nosso saber e contribuir para nos posicionarmos num mundo como cidadãos? Uma
constituição que não se cumpre não tem sequer o direito de ser chamada de
constituição. Se vivêssemos numa sociedade onde o Estado não fosse monopolizado
por tantos corruptos e assassinos que só pensam em seus próprios benefícios eu
nem estaria aqui escrevendo este texto por perceber a imprudência de todas
estas concessões... Se vivêssemos num meio onde o Estado fosse obrigado a ser
sério, justo, se cumprisse com o seu papel de gerir os bens públicos de acordo
com o que o público quer, essa “escola” deveria ser fechada. Usada para outros
fins. Quem sabe uma nova igreja? Mas escola, nestes termos, não. Por favor! Saber
é deixar aos poucos de ignorar e começar a interpretar os fatos, questioná-los,
para ver se há comprovação. Saber é procura, é construção diária, é processo, é
incentivo à dúvida, à veracidade das informações. Agora, ensinar a estas crianças
estas “coisas”, não. Por favor, repito, chega de enganação! Vocês têm todo o
direito de acreditar no que quiserem, mas não tem o direito de negar os
direitos destas crianças de pensarem por si mesmas, de negarem ou de converterem
os fatos históricos e as evidências científicas em suas pregações – só porque
vocês acreditam que é bem melhor assim e que não há outras explicações mais
plausíveis, porque assim vocês vão ter que mudar de opinião. Sei que as
crianças fazem o futuro de qualquer nação.
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