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9 de abril de 2025

vício

desejo
movimento para
o preenchimento

recompensa
ilusório
complemento.

7 de abril de 2025

espaçonave

anseio
elevado
conectividade

amplitude
expansão
vitalidade

emersão
boa companhia
disponibilidade

adversidade
cuidado mútuo
inefabilidade.

5 de abril de 2025

Tutela

Um pé de laranja não produz amora. Isso pode parecer óbvio. Mas às vezes a gente se enrola. Esquece que é a gente quem escolhe. Quem fica e quem será convidado a cair fora. Ao distinguir aquele que está ali com o que é daquele que anda escorado por quem, pelo serviço, lhe faz de fantoche. Impondo as ideologias que quase os sustentam, não fosse o fato de que a marionete incansavelmente gravite à sua volta. Você nota. As narrativas e ações que revelam como ele se move. “Vamos dar o golpe em algum tiozinho”, “fazer algum vandalismo pelas ruas da cidade”, “que lugar é esse que eu não conheço, essa semana vou vir aqui sem falta” - como se a vida vivida com paz, estabilidade, não fosse sequer uma possibilidade. Você entende o que é viver em um carrossel emocional, onde tudo é tão corriqueiro, banalizado, a busca por prazeres contínuos é tão intensa, que já não é capaz de se manter sem enfado. Comparação e confusão fazem com que se embaralhe. Questionado, desespera-se, gagueja, ataca. Sem sequer um argumento válido. Não há tempo para processos, construções a longo prazo, tudo deve nascer e morrer de imediato. Você parte. Porque não há nada que lhe conecte. Reciprocidade. O outro apela com aquilo que outrora funcionara. Desembesta a falar de seus traumas como se isso pudesse cavucar alguma comoção, assim pelo simples ato, e o seu balão voltasse a inflar, os personagens conflitantes encontrassem algum tipo de equilíbrio imaginário e conseguissem permanecer sem se esfarelarem. Por mais algum tempo. Como me disse PKD: esse habitual passageiro implacável.

4 de abril de 2025

um par

durante os caminhos
conversam sobre
discografias
biografias
embarcam
em um voo tranquilo
suas almas ainda vibram
após um final de semana
em que reencontraram
suas famílias
grande realização
complementaridade vivida.

2 de abril de 2025

Emoção instrumental

Visão estática. Novidade perene. Ilusão de autossuficiência. Sempre, sempre em frente, mesmo doente, para não lembrar da morte, do polo oposto, daquele complemento que não se coaduna com a eficiência. A verdade do eu não quer que se aceite. A realidade. Dos intermédios. Na passagem do tempo. Quais pessoas honram seu envelhecimento? Quem consegue apreciar os encontros consigo mesmo? Você é capaz de aceitar uma surpresa? Deixar a paixão pelo controle de lado e amar realmente? Botox preventivo como se fosse algum tratamento de saúde premente. Pois acordaram que esse tipo imitativo de corpo, de cultura, de estética – nem vou falar em alma ou em arte, porque se negam a refletir sobre a transcendência – é o reflexo do que há de melhor, o padrão coletivo e neurotizado que repetem tal como Eco. Frases como: “amor de pet cura tudo” são significativas de como está a urgência. Pelo equilíbrio entre os elementos de qualquer natureza. Como humanos, desclassificamos os humanos, transferindo aos outros animais a responsabilidade pela significação de nós mesmos?! Quando sentem a necessidade intrínseca de vínculos estabelecerem, assumem as couraças de pares, querem-se parceiros, sem compromisso algum, apenas mais uma mania passageira, pois os modismos, sempre tão mágicos e pseudo identitários, materializam-se como os seus guias mais eminentes.