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11 de junho de 2022

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   Vez ou outra. Impactado pelo intercâmbio de reações químicas. Naturais ou induzidas. Desliza por uma terra repleta de clãs guerreando e trocando vivências diante dos desafios de uma floresta arquetípica. Pássaros cantando e fazendo seus ninhos. Mamutes sendo caçados. Dentes de sabre abocanhando-o quando o encontram desprevenido. Técnicas e tecnologias usadas para salvaguardar e atacar a sobrevida. Adentra um vilarejo. Cumprimenta moleiros. Surpreende-se com os ferreiros debatendo-se com seus serviços. Dia após dia. Quando as condições naturais assim o permitem. Vê camponesas benzendo-se na frente de uma fogueira cujas labaredas se encarregam de desfazer os corpos de algumas novas bruxas. Aquelas vizinhas tão prestativas. Observa as relações aí estabelecidas. Seguindo instintos de preservação e cooperação permeados pela vontade de se distinguir. Mediante a imposição de privilégios que alguns estamentos, por toda a eternidade, possam vir a usufruir. Vitrais nas catedrais. Indumentárias exclusivas. Visões de um demônio que tenta e desencaminha. Em contraste com as revelações de um deus que pune e executa para salvar o povo que julga sob a sua perspectiva. Sobe num automóvel e, através de suas janelas, vê os reflexos de uma cidade onde abundam letreiros e luzes que reforçam a percepção do progresso que dizem ter chegado, mas que ainda não foi capaz de conduzir as espécies a uma coexistência mais feliz. Seres hipertecnológicos. Repletos de inseguranças quando precisam se desvincilhar das armas, dos alimentos e do lixo radioativos. Especulação dos pseudo líderes mundiais com a tragédia coletiva. Políticos que prometem na mesma proporção em que consomem os povos nativos e suas sabedorias. O meio inteiro para assegurar a expropriação dos recursos coletivos. Transporta-se, assim, para os temidos mundos paralelos. E, sem se dar conta. Encontra um amontoado de portas que não lhe revelam nada além do que são. Passagens que se ramificam. Portais para outros labirintos. Regressa dessa imersão. Perplexo. Mas nada arredio. Dessas órbitas em que transita. Emerge no meio de uma multidão. Esfrega os cantos dos olhos. Junta-se aos fluxos e refluxos de muitas vidas coligidas. Dentro e fora de seus redutos perceptivos.

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