Vez
ou outra. Impactado pelo intercâmbio de reações químicas.
Naturais ou induzidas. Desliza por uma terra repleta de clãs
guerreando e trocando vivências diante dos desafios de uma floresta
arquetípica. Pássaros cantando e fazendo seus ninhos. Mamutes sendo
caçados. Dentes de sabre abocanhando-o quando o encontram
desprevenido. Técnicas e tecnologias usadas para salvaguardar e
atacar a sobrevida. Adentra um vilarejo. Cumprimenta moleiros.
Surpreende-se com os ferreiros debatendo-se com seus serviços. Dia
após dia. Quando as condições naturais assim o permitem. Vê
camponesas benzendo-se na frente de uma fogueira cujas labaredas se
encarregam de desfazer os corpos de algumas novas bruxas. Aquelas
vizinhas tão prestativas. Observa as relações aí
estabelecidas. Seguindo instintos de preservação e cooperação
permeados pela vontade de se distinguir. Mediante a imposição de
privilégios que alguns estamentos, por toda a eternidade, possam vir a
usufruir. Vitrais nas catedrais. Indumentárias exclusivas. Visões
de um demônio que tenta e desencaminha. Em contraste com as
revelações de um deus que pune e executa para salvar o povo que
julga sob a sua perspectiva. Sobe num automóvel e, através de suas
janelas, vê os reflexos de uma cidade onde abundam letreiros e luzes
que reforçam a percepção do progresso que dizem ter chegado, mas
que ainda não foi capaz de conduzir as espécies a uma coexistência
mais feliz. Seres hipertecnológicos. Repletos de inseguranças
quando precisam se desvincilhar das armas, dos alimentos e do lixo
radioativos. Especulação dos pseudo líderes mundiais com a
tragédia coletiva. Políticos que prometem na mesma proporção em
que consomem os povos nativos e suas sabedorias. O meio inteiro para
assegurar a expropriação dos recursos coletivos. Transporta-se,
assim, para os temidos mundos paralelos. E, sem se dar conta.
Encontra um amontoado de portas que não lhe revelam nada além do
que são. Passagens que se ramificam. Portais para outros labirintos.
Regressa dessa imersão. Perplexo. Mas nada arredio. Dessas órbitas
em que transita. Emerge no meio de uma multidão. Esfrega os cantos
dos olhos. Junta-se aos fluxos e refluxos de muitas vidas coligidas.
Dentro e fora de seus redutos perceptivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário