imersão peculiar
interação com o tempo
desembaraço ao executar
movimento no espaço
clareza do espírito
prazer por integrar.
imersão peculiar
interação com o tempo
desembaraço ao executar
movimento no espaço
clareza do espírito
prazer por integrar.
chimbal
fechado
chimbal
aberto
acordes
agudos
melódicos
desenhos.
olha
não vê
aparenta
não é
excesso
expressa
ausência
vira
páginas
não lê
ou relê.
emocional
racional
alimenta
informa
afeição e
satisfação
conecta
elabora
calma e
disposição
sentimentos
sobre
sentimentos
opiniões
das
emoções
pensamentos
sobre
pensamentos
sinapses
linguagens
educação.
no âmago
encontro
aquela voz
que não me
deixa esquecer
quem sou
nesta
atmosfera
que me faz
perceber
paz
no espírito
sentindo
sua
maciez.
preza
tua memória
indigna-se
revisionismo
negacionista
distorção
dos fatos
manipulação
das narrativas.
quando
compreendermos
as máquinas
talvez
saibamos algo
sobre nós mesmos.
Andando em uma bicicleta verde – usada pelo filho mais velho de nossos vizinhos japoneses – e que me foi dada de presente. Meu vô Toninho atrás, me ajudando, incentivando. Quando me dei conta, cadê meu avô? Sem suspeitar o que poderia fazer diante daquela ausência, lá estava eu pedalando e me equilibrando. Por mim mesmo. Que sensação nós tivemos?
Minha vó Teruko me ensinou a fazer, com as cartas de baralho, vários castelos. A gente ouvia alguns discos e montava esses castelos entre os tacos da sala, com um relógio de corda, os pilares transversais e as fotos que continuam nas paredes. Enquanto costurava, me encorajava a posicionar meus dedos sobre o braço do violão para que os acordes soassem com algum brio, intensidade e beleza.
Meu vô Pedrão criou uma máquina do tempo. Naquele momento, era um trem feito com um banco de madeira. Eu e alguns de meus primos e primas viajávamos manhãs e tardes inteiras. Visitando parentes, fazendo paradas para nos alimentarmos. Nutrição para o corpo inteiro. Vivíamos histórias que ainda me integram.
Minha vó Hermínia fazia massa para as pizzas ou a macarronada no sábado para servi-las aos domingos. Com seu lenço na cabeça, cabelos branquinhos, radiantes, sorria satisfeita quando reunia seus filhos, netos e bisnetos.
Minha mãe alfabetizava. Lembro das pilhas de cadernos sobre a mesa, do mimeógrafo, do cheiro de álcool e dos carimbos que ela usava para elaborar a matriz que, para ser rodada, precisa estar bem seca. Quando vou visitá-los, mesmo que a mesa e a cozinha não sejam as mesmas, minha memória se adianta. Entrelaça esses elementos.
Samambaias, orquídeas, avencas... Muitos vasos, várias peculiaridades sobre intensidade da luz solar, podas e venenos para protegê-las.
Desde muito cedo meu pai me levava para o campo. Sítios onde íamos buscar a matéria-prima (carne suína e bovina) com as quais tirávamos o nosso sustento. Quantas vezes ele usou uma tesoura e uma agulha desinfectada com a chama do seu isqueiro ou de uma das bocas do fogão para tirar os vários bichos-de-pé que eu hospedava por andar descalço ou de chinelo perto dos pastos e dos chiqueiros?
Nesses sítios eles matavam os animais com um porrete que acertava as nucas e os sangravam logo em seguida com facas e suas lâminas esmerilhadas com destreza. Usavam uma carretilha para os levantarem, retirarem seus couros e entranhas e havia sempre uma balança para os pesarem e calcularem os preços.
Íamos de fusca ou de kombi, só nós dois, ouvindo uma rádio da cidade que tocava músicas sertanejas. Os automóveis voltavam carregados, mais assentados nas estradas asfaltadas ou de terra. Depois que descarregávamos, lavávamos as lonas com todo aquele sangue e rumávamos para casa.
Eu tomava um banho, jantava e logo ia dormir, esperando rever meus amigos do colégio.
ficção instiga a vida
vida inflama a ficção
realidade interrogada
senciência e representação.
“Realidade é aquela coisa que, quando você para de acreditar nela, não desaparece.”
“Eu não tenho que provar nada a ninguém, especialmente a mim mesmo. Escrever romances e contos é um trabalho árduo, mas o que importa é o trabalho em si – o trabalho que é produzido, mas também o ato de trabalhar: a tarefa em si. O fato de que estou datilografando num papel barato, comprado no supermercado Market Basket não conta nem a meu favor nem contra mim no grande placar do céu, ou seja, no meu próprio coração.”
“(…) Até que ponto você tem medo do caos? E até que ponto a ordem o deixa feliz?”
“Não sou muito, mas sou tudo o que tenho.”
“(…) Não é a substância dentro da lata que os ajuda, mas sim a fé na promessa de que ela vai ajudá-las.”
“Viver é ser assombrado.”
“(…) O corpo tem poderes que a mente desconhece.”
“Sinto que estou escolhendo o caminho de menor esforço , em todas as situações. Estou preservando a minha energia psicológica. Mas só um organismo que está se preparando para morrer faz isso. Eu estou me retirando da vida em si? Talvez seja isso. Não sei.”
“ Ás vezes, enlouquecer é uma resposta apropriada à realidade.”
“A verdadeira medida de um homem não é sua inteligência nem o quanto ele cresce neste establishment maluco. Não, a verdadeira medida de um homem é a rapidez com que ele consegue responder às necessidades dos outros e quanto de si ele consegue dar.”
sou
grato
minha parceira
por compartilhar
essa vivência
confrontando
o que
achávamos
que sabíamos
sobre esse tema
intrigando
solicitando
de nossas
imaginações
uma providência
processamos
algumas ilusões
construções
e desconstruções
salutar convivência.
vamos
medicalizar
os problemas sociais?
do sofrimento coletivo
virão os supostos
conforto e bem-estar?
seremos
entusiastas
dos progressos
globalitarismos
que nos dizimam
e ao nosso habitat?
utilizaremos
a mesma lógica
do capital
para expressarmos
o que acontece em nossa
realidade emocional?
civilização
registrou a antropóloga
Margareth Mead
constata-se
pelo mútuo cuidado
entre os iguais.
admiro
suas formas
linhas
e traços
como
encadeia
ressignifica com
as palavras
expressões
perspectivas
discernimentos
personalidades
beleza
e unidade
impactam
minha alma.