Tenho
uma criação de monstros em um espaço tombado de minha mente. Lá
eu posso encontrar indivíduos de muitas espécies e, com o tempo,
algumas
mutações
já aparecem. Por mais que fique
junto deles, e os queira realmente,
sei que muito de suas peculiaridades
me escapa por entre os dentes. Mesmo que os encontre e os
prenda,
após sedá-los – como o costume me fez aceitar como a atitude mais
prudente – não consigo
contê-los.
Fogem de minha proteção como se ela
trouxesse uma dor ainda mais pungente. Tenho, enfim, uma criação
que não me pertence. Fogem, reproduzem-se, criam seus filhos e
filhas que também me desdenham. Vivem sem confiança, sem segurança
ou quaisquer
outros
sentimentos
de afeto
os
quais
acreditei que requisitariam de mim infalivelmente. Eles simplesmente
vivem, se divertem, sem precisarem
de outro motivo
além daquele que
os
faz
viventes.
Não lamento por eles assumirem o controle sobre suas vidas e me
abandonarem após encontrarem outras genéticas onde podem interagir
com resultados mais patentes. O que me espanta é que causem tão
poucos danos a si mesmos quando, todos os dias, os combates por
assombrarem
outros
cérebros acabam sendo feitos. Eles não perecem nestas guerras. Ao
contrário, mostram-se cada vez mais fortes e capazes de se
associarem
para que os
seus
direitos
se assentem.
Portanto,
meu amigo, preserve sua sanidade, sua
simplicidade, sua ética, mas
não se desespere quando for visitado por um ou mesmo por todos eles.
Não os despreze. São
eles, muitas vezes, que nos mostram quão múltiplos nós somos
quando escolhemos. Acolha-os,
ouça-os e você verá que, quando menos se espera, eles se vão e a
gente se vê aguardando o seu retorno incerto. Impacientemente.
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