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16 de dezembro de 2022

Peritos

Quase todos apreciamos os conhecimentos que hoje possuímos muito mais pela sua serventia do que pelas evidências que eles trazem ou não à tona para a compreensão dos fatos que nos desafiam. Religião como meio de amenizar as carências e sofrimentos humanos. Ciência como meio de alavancar a arrecadação econômica em função da produção armamentista. Arte para nos alegrar ou nos distrair um pouco da velha rotina. No entanto, quando esses conhecimentos não vão ao encontro desses princípios utilitaristas, tornam-se uma ameaça. Uma espécie composta pelos nossos mais belicosos inimigos. Alegamos que há fraude. Blasfêmia. Heresia. Manipulação. Distorção da verdade. A qual queremos que seja aquela, e só aquela, que nos foi transmitida. Hipocrisia. Ignorância que alimentamos com nossos modernos fanatismos. Quando queremos que o que chamamos de universo se adéque às nossas teorias imprecisas. Estupidez. Apatia. De todos nós, servos tão prestativos. Que muitas vezes não medimos esforços para demonstrar que precisamos ser sempre conduzidos. Fugindo da dúvida. Inventando desculpas. Evitando o debate. O questionamento sem medo. A argumentação refletida. Sobre o uso irracional. Corrosivo. Que todos os dias permitimos que os ditos especialistas façam com o nosso potencial criativo. Mais um patrimônio do qual nós mesmos nos excluímos. Entregando-o aos interesses de uma minoria. Que alimentou e manteve todos estes dogmas e autoprotecionismos. Verdades que somente a eles são possíveis. Únicos capazes de guardá-las, interpretá-las, divulgá-las e usá-las. Onde, quando e através dos meios que mais os beneficiam.

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