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1 de abril de 2022

Vigília

   Sonho com ruínas. Imagino um recomeço. Onde a arte impacta na qualidade da vida coletiva. Penso sobre um tempo em que há espaço. Para a convivência entre todas as etnias. Nenhum indivíduo ou grupo querendo o destaque. Conferido pela ilusão de um título. Nenhuma minoria lutando por identidade. Ou reconhecimento. Pois o estado não está sequestrado. Para garantir privilégios a grupos específicos. Para a sobrevivência. Trabalho criativo. Sem o menor resquício de exceder as necessidades e gerar mais-valia. Nenhum lazer ou consumismo para esquecer. Ou prolongar a subserviência homicida. Tempo livre para aprender e recrear. Ludicidade como nosso maior objetivo. Não há progresso dentro da lógica do trabalho. E da civilização imposta enquanto domínio. O sexo – de maníaco e desesperado – se desvencilha da rotina. Tornar-se liberdade. Integra-se à sexualidade. Ampliando as perspectivas. De nos realizarmos enquanto estamos vivos. Desprezando o prazer que nos serve como escapismo. Nessa catarse. Só quem se ilude com falsas ideologias. Pode se tornar um fatalista. Quem entendeu que a vida é construída. Sabe que as bases materiais. As estéticas advindas. Nossas subjetividades. Podem ser revolucionadas todos os dias. Para solucionarmos. Honestamente. O dilema do ser humano. Que não se humaniza.

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