No
andar de cima há muito movimento. O que será que esse ser humano
faz? Conserta móveis? Limpa a casa todo dia? Ou será que
simplesmente está testando minha paciência?
Tentei
achar uma lógica. Projetar uma sequência. Entender o que pode estar
acontecendo. Mas, nada! Nenhum indício. Muito menos certeza.
Faz
isso nos três turnos. Em quase todos os horários. Não dispensa
nenhum dos cômodos. Desde que no debaixo eu esteja.
Geralmente
esse fato é resolvido de várias maneiras. Uma delas é fazer uma
reclamação na portaria. Tentando uma saída pacífica que o faça
entender. O quanto seus atos estão na contramão da boa convivência.
Outra
opção é subir alguns degraus e lhe falar diretamente. Mas essa
alternativa não me agrada. Não quero ter que abandonar minha
solidão. Imaginem: eu tendo que dar lição de moral num ser humano
tão decente!
O
fato é que estou com vontade de pular algumas etapas. Quebrar as
regras, extrapolar os regulamentos e partir para a ação agora
mesmo. E assim, ainda hoje, poder dizer: Adeus, barulho infernal que
me atormenta!
Meu
plano é bem simples: com a ajuda de uma escada e de uma marreta,
abrir um buraco no teto, subir até o apartamento de cima e resolver
essa novela. Duvido que não dê jeito!
Sei
que terei uns gastos com a reforma, mas isso é parte da solução,
não do problema. Afinal, o que importa é o fim desse pandemônio
que arrasa minha cabeça.
Podem
me julgar estressado, intolerante, mas lhes garanto que sou uma
pessoa calma. Só estou exigindo meus direitos. De fazer, ouvir e
reconhecer meus próprios barulhos em paz. Algo que não estou
conseguindo com essa pessoa destruindo meu sossego.
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