Humberto
gostava da Sofia, que estava com o Gustavo, que gostava da Quitéria,
que ficava com o Salvador, que gostava da Adriana, que namorava o
Wellington, que queria mesmo era estar com a Mariana, que gostava da
Catarina, que saía com o Rafael e com a Tatiane, que estavam loucos
para conquistar o Henrique, que não estava nem aí para ninguém.
Divertia-se com quem aparecesse, pois sentia que assim teria alguma
aventura para distraí-lo e livrá-lo da angústia que o fazia
enlouquecer. Letícia gostava do Ramon, que não estava satisfeito
com o seu casamento com a Júlia, mas que não tinha coragem de
terminar. Talvez pelo medo de magoar ou por não desejar ver seu nome
associado a tudo que ele mesmo, quantas vezes condenou, quando via
acontecer. Por isso, ficava com as duas por querer manter uma
aparência que nem a ele parecia convencer. Yves tentava encontrar
alguém que o compreendesse. Alguém com afinidades capazes de
fazerem de cada detalhe um sempre novo amor aparecer. Conheceu
Luciana que queria se casar e viver feliz para sempre, mesmo que este
para sempre durasse só até ela morrer. Casaram-se, tiveram 2
filhos, mas logo se separam, pois ambos não suportaram a rotina e
novas experiências, com novos amantes, começaram a fazer. A
monogamia, que antes era o ideal, deixou de os entreter. No entanto,
as novas descobertas, tão logo se realizavam, levaram-nos a se
sentirem tão vazios que acabaram retornando ao relacionamento que
juravam nunca mais querer, talvez pela segurança que imaginavam os
proteger sobretudo de si mesmos, mas o desgaste era tão explícito
que não foram poucos os que podiam perceber. Todos
continuam por aí, com ou sem parceiros, querendo companhia para na
solidão e na loucura não se desfazer. Afinal, não procuramos nos
outros aquilo que nos falta, também?! Não são nossos amores alguns
dos sentimentos que mais nos mantém vivos, pois nos afirmam e
reafirmam, conduzindo-nos à construção dos sentidos para
continuarmos aprendendo a conviver, a ponto de, quando eles acabam,
desejarmos simplesmente desaparecer?! Perguntando-nos, talvez, sobre
como estas estranhas forças acabam colidindo de modo que a gente
sinta todas as suas explosões e implosões interferindo no nosso
jeito de continuar a responder?
Nenhum comentário:
Postar um comentário