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13 de outubro de 2014

Amores

      Humberto gostava da Sofia, que estava com o Gustavo, que gostava da Quitéria, que ficava com o Salvador, que gostava da Adriana, que namorava o Wellington, que queria mesmo era estar com a Mariana, que gostava da Catarina, que saía com o Rafael e com a Tatiane, que estavam loucos para conquistar o Henrique, que não estava nem aí para ninguém. Divertia-se com quem aparecesse, pois sentia que assim teria alguma aventura para distraí-lo e livrá-lo da angústia que o fazia enlouquecer. Letícia gostava do Ramon, que não estava satisfeito com o seu casamento com a Júlia, mas que não tinha coragem de terminar. Talvez pelo medo de magoar ou por não desejar ver seu nome associado a tudo que ele mesmo, quantas vezes condenou, quando via acontecer. Por isso, ficava com as duas por querer manter uma aparência que nem a ele parecia convencer. Yves tentava encontrar alguém que o compreendesse. Alguém com afinidades capazes de fazerem de cada detalhe um sempre novo amor aparecer. Conheceu Luciana que queria se casar e viver feliz para sempre, mesmo que este para sempre durasse só até ela morrer. Casaram-se, tiveram 2 filhos, mas logo se separam, pois ambos não suportaram a rotina e novas experiências, com novos amantes, começaram a fazer. A monogamia, que antes era o ideal, deixou de os entreter. No entanto, as novas descobertas, tão logo se realizavam, levaram-nos a se sentirem tão vazios que acabaram retornando ao relacionamento que juravam nunca mais querer, talvez pela segurança que imaginavam os proteger sobretudo de si mesmos, mas o desgaste era tão explícito que não foram poucos os que podiam perceber. Todos continuam por aí, com ou sem parceiros, querendo companhia para na solidão e na loucura não se desfazer. Afinal, não procuramos nos outros aquilo que nos falta, também?! Não são nossos amores alguns dos sentimentos que mais nos mantém vivos, pois nos afirmam e reafirmam, conduzindo-nos à construção dos sentidos para continuarmos aprendendo a conviver, a ponto de, quando eles acabam, desejarmos simplesmente desaparecer?! Perguntando-nos, talvez, sobre como estas estranhas forças acabam colidindo de modo que a gente sinta todas as suas explosões e implosões interferindo no nosso jeito de continuar a responder?

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