Páginas

14 de junho de 2014

Cansado sem sono

Folha em branco
Composição que vai começando
Assim sem tema, alma, admiração ou espanto
Apenas pelo prazer de ir se reinventando
Ouvindo músicas
Escrevinhando
Procurando por palavras que aos poucos foram significando
Relembrando de nossos encontros, acrescentando
Bebericando uma cerveja
Fumando
Enquanto muitos dormem
Talvez descansem
Para um novo dia que já vai se mostrando


Folha em branco
Calhamaços de arquivos que vou guardando
Idolatrias e prantos
Adultos e crianças
Triturando
Amassando
Dando forma a um conteúdo que sequer ficará pronto
Trágico fim para uma mistura que não deu ponto
Tráfego que vigora
Minutos de fúria em que mais algumas vidas se vão
Como formas nas paredes
Sombras que projetamos
Nas calçadas, ruas, muros e certezas que ultrapassamos


Folha em branco
Colorida por um ponto
Fracionamos todos os códigos de honra
Vagamos por dias e noites
Só por não termos com quem brincarmos de investigadores
Procurando por nossas peças que vão repentinamente chispando
Encontramos tabuleiros carcomidos
Tanto jogamos que agora nossos dedos são aqueles que respondem 
Nossos pulmões expelem a poeira
Mas a sujeira não deixa de estar presente em qualquer canto
Se lhe contasse uma fábula agora
Com todos os detalhes de um fato cotidiano
Você veria quais tentativas em meu sonho?

Um comentário:

  1. Outro bom poema, vejo que você está em uma fase de ótima produtividade poética. Poeta, mostrando ao mundo tua singularidade vital, ou seja, os demônios e os anjos que perambulam interiormente e exteriormente tua alma de existência breve - poesia nossa esbelta musa aleatória! Let's go, man!

    ResponderExcluir