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12 de dezembro de 2012

Releitura

       Descrever, contar, narrar, brincar de recompor, almejar prosperar. Em seu estilo. Sem excessos. Com propósito. Sem floreios. Não querendo sempre e comodamente mais. Para selecionar o que melhor agradar. Conhecer o que já conhece. Relembrar. O que nunca foi capaz de imaginar. As diferenças dentro de um organismo que também procuram uma ligação honesta. Consistente. Com outras diferenças e semelhanças que não necessitam se ligar a tanta futilidade ornamental. Mas apenas um lugar para se sentirem seguras e até chamarem de lar.

        Não imaginávamos algo assim. Há muito projetávamos, mas não tínhamos certeza de que haveria um fim. Faltava continuidade, cadência, obstinação, a alma nesse estranho jeito de se ver. De se representar. E se apresentar. Viver para abandonar e até negociar esse laço que não pode se quebrar só porque nossas sociedades são um péssimo lugar para se criar.

       A música e a literatura sempre serão um bom modo de expressar. O que sentimos quando queremos encontrar. Alguma brecha para enfrentar. Agindo sem violentar. Mesmo que em reclusão estar. Por acreditar. Não nessa nojeira operante de fazer o que há muito já se faz. Sem ao menos suspeitar. Que todo este profissionalismo. Que toda esta especialização é o que nos coloca diante desse desmoronamento que querem nos fazer venerar.

       O clima era de muita insegurança para que algo, por mais sincero que se manifestasse, pudesse durar. Vou me lembrar. Porque já fui criança e não vejo só os pequenos detalhes. Sinto uma espécie de totalidade, de harmonia ao presenciar. Posso – sei que posso – explicar as coisas a partir do que sinto e não só através de palavras repletas de certezas relativas. Meias-verdades que não passam de mentiras inteiras. Evasivas caem bem para quem tem sempre coisas a esconder. Justificar.

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