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28 de novembro de 2011

Operação

        Fez o transplante, mas houve rejeição. O órgão colocado não conseguia reagir diante daquela situação. Fez o transplante e aconteceu uma complicação. O homem necessitado não sabia se aquele que havia sentido outras emoções poderia aceitar a nova condição. Fez o transplante e logo surgiu a indagação: como se estabeleceria a comunicação? Seriam eles capazes de ceder para que surgisse alguma conexão? Fez o que podia para recebê-lo bem, mas também ele não conseguia se esquecer de sua antiga pulsação. O coração implantado não correspondia. Quase não ouvia. Tinha ele suas próprias marcas. Suas memórias impressas em sua constituição. Os profissionais, vendo o sucedido, fizeram uma rápida reunião. O corpo atendido foi mandado mais uma vez à sala de operação. Peito aberto às pressas, balão de oxigênio, quase não havia respiração. Anestesiado, o homem sem coração foi obrigado a continuar vivendo esperando pela próxima vaga na escassa lista das doações.

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