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2 de maio de 2022

Estado de exceção

   Sobrevoa a imensidão do espaço. Com sua espaçonave especialmente projetada para essa missão. Procura outras coordenadas. Vislumbra novas perspectivas. Para fazer valer os seus termos. Prescinde do domínio. Não quer submissão. Busca o estranhamento. Trocas culturais intensas. Liberdade de expressão e de ação. Já que, no seu planeta, os direitos não são para todos, não. Seus governos se aproveitam da situação. Direção para beneficiar a si mesmos e à sua classe. Usando de muitas estratégias para esconder a opressão. Aciona uma série de botões. Uma rampa se move até tocar a superfície da pavimentação. Ele desce lentamente e é recebido com uma chuva de balas. Das milícias que aqui ocupam os cargos destinados à gestão. Sob a máscara da defesa das fronteiras interplanetárias. Da família humana e dos bons costumes. Da promoção da segurança terráquea. Eles atiram, acertam o alvo e deixam aquele corpo perfurado e inerte. Estendido pelo chão. Diante de um misto de estupefação e quase alegria da população. Em poucos dias, aquilo que era a sua nave. Representava sua esperança de reintegração. Não passa de sucata. Em um ferro-velho repleto dessas máquinas que por aqui aterrissaram. Conduzidas por esses seres. Fugidos da guerra. Solicitando exílio. Educados para, com o meio e as pessoas que o habitam. Construírem uma sociedade de mútua cooperação.

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