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20 de março de 2018

in natura

A orquídea chamava:
- Venha, dona mariposa. Leve o meu pólen aonde você costuma ir. Em troca lhe deixo o néctar que você conseguir ingerir. Uma forma de agradecimento por fazer com que eu e a minha espécie possamos nos reproduzir.
- Obrigada, dona orquídea! Também lhe sou grata por nutrir a mim e aos meus que igualmente querem continuar por aqui.
Um casal de percevejos que estava por perto ouviu e disparou – assim que os dois conseguiram parar de rir:
- Ora... ora, então nós também não temos que subsistir?!
- Mas vocês não precisam de mim para se reproduzir! - revidou a orquídea, como se o seu argumento fosse capaz de os dissuadir.
- Não precisamos, mas também temos que nos alimentar; caso contrário, como iremos enfrentar nossos predadores e deixar nossos descendentes mais aptos para prosseguir?
Um morcego que passava por ali, ao ouvir o que lhe pareceu ser uma discussão, logo pousou para conferir. Não demorou muito e já estava a interagir:
- Certo, certo... o que vocês dizem é muito pertinente. A propósito, dona mariposa, eu também estava em busca de algo para digerir.

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