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21 de fevereiro de 2016

Assombrado

Trapézios vão
Trapézios vêm
Sem trapezistas
Dando piruetas utilizando a cama elástica

Nas arquibancadas
Nenhuma sobrancelha arqueada
Nenhuma pessoa feliz ou desapontada
Sequer os milhos de pipoca não estourados

Não há mais mágicas
Nem palhaçadas
Apenas um globo da morte reluzindo
E a serragem espalhada

Forrando o chão
Cobrindo todo o picadeiro
Sendo constantemente renovada
Por quem?! Em qual horário?!

Ninguém vê nada
Ninguém sabe de nada
O circo que ali foi mantado, todos dizem,
Há muito acabou abandonado

Próximo ao centro
Numa das ruas mais mal iluminadas da cidade
O que espanta é que suas estacas estejam tão firmes
Que a lona parece não ceder nem com a mais temível tempestade

Pelos bairros
Nenhum carro de som
Nenhum anúncio nas fachadas
Corre somente o boato

E o medo de chegar mais perto
E encontrar finalmente o responsável
Por manter o espaço sempre pronto
Para receber uma nova caravana que o leve junto

Para qualquer lugar
Onde ele possa continuar fazendo o seu trabalho
Recebendo, inclusive, um bom salário
Sem ter de ser confundido com um fantasma.

Um comentário:

  1. sementes inovadoras do caos

    à William Blake; o poeta-pintor

    regras próprias no esforço contínuo
    não há morte onde perambulo
    despertando o demônio interior
    chamado de o Grande Dragão
    Vermelho

    asas que representam Juventude
    Imaginação; voando dificuldades
    criando beleza sorte com arte

    não há fim
    neste veículo
    de insanidade

    observem o dragão calado
    rabo ocultado entre matas
    olhos obscuros atrelados
    à vontade individual

    fogo negro ligeiro
    saindo instantâneo
    fôlego gigantesco

    eu sou a criatura babélica
    humanos aguardem-me chegar
    trazendo o Novo desvalorizado

    01/04/2016

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