Se não me reconheço sequer em mim mesmo,
como você quer que eu entenda e atenda aos outros e, ainda por cima, me sinta como
parte da natureza?! Ora, fui criado e não sou eu quem projetou tudo o que temos
desse jeito tão soberbo! Busco nas coisas aquilo de que não tenho. Brilho.
Iniciativa. Independência. Apelo. À misericórdia dos santos, dos profetas, dos
produtos, de quem quer que seja, para não sentir minha dor, não ter que me defrontar com meu
próprio sofrimento. Para que ganhe ao menos um prêmio de consolação, uma grande
significação para a minha existência. Autoconhecimento?! Minha autoilusão é o
que me motiva desde muito cedo. Sucesso. Destaque. Requinte. Salvação a
qualquer preço! Uma boa posição para continuar no caminho correto. É disso que
eu preciso e é isso o que mais me interessa. Hoje, já não me desprezo. Ajoelho
e rezo. Peço e recebo. Abençoado e fortalecido por meus próprios méritos. O que
me valoriza é o que realmente tenho. Fé no dinheiro. Meu corpo, agora, é o meu
passaporte de entrada para qualquer evento. Nada mais banal do que estas
filosofias que procuram iludir nosso pensamento. Persistência?! Entrega?!
Envolvimento?! Caráter?! Bom senso?! O que temos a ver com todos esses
estranhos conceitos, se Aquele que sabe tudo nos deixou os melhores exemplos?
Sigo à risca os seus mandamentos. Agradeço às propagandas por me servirem como
referência. Fatos?! Evidências?! Esteja atento e saiba rebater e condenar todos
estes seres enfermos. Eles querem que você acredite nestas coisas, porque assim
conseguem mantê-lo sob o seu cabresto. Em dúvida. Sem perspectiva para o seu
eterno sossego. Onde já se viu contestar o Supremo! Talvez seja mesmo o fim dos
Tempos! Jesus voltará e só livrará os que tiverem conseguido esconder o Mal de
si mesmos!
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