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29 de junho de 2025

28 de junho de 2025

correlato

estética carregada
pornográfica
satura a paisagem

na ânsia pela ação
apelação
implora por utilidade

sem leveza
sem beleza
sem graça.

27 de junho de 2025

epifania

perder
a razão
de viver
sem essência
não querer
destino

ausência
não ser
ter
como se
não tivesse
caminho.

22 de junho de 2025

cuidado

ar puro
água limpa

aguça a percepção
amplia a perspectiva
tece novos fios
faz do ser
um ser prospectivo

hidrata
respira

indiferente
ao imediatismo
fatal alívio
deixa de ser meio
começa a ser fim.

12 de junho de 2025

respeito

retribuindo o poema
no qual
você se diz acolhida

encantadora
singular
parceria

simbolizo com seu jeito
em paz
crio narrativas.

11 de junho de 2025

deleite

os assuntos se estendem
sobre o que permanece
fatos que nos acompanham
enquanto espécie.

10 de junho de 2025

9 de junho de 2025

Hipermundos

Cada humano é um universo. Um diamante lapidado. Concorrente. Dependente dos sucedâneos para a vida coletiva que acabou descartada. Alguém que deixou de ser alguém. Que vale só pelo que tem. E não pelo que, para a esfera pública, faz. Como bem atestam as empresas que negociam nossos dados. Hiperinteligente. Se autoexplora e se vangloria por não possuir dignidade. Goza com o poder e gratifica-se com o prazer de se degradar como sugestiona a cartilha que coaduna autoestima com autodestruição quantificável. Mais uma série de cortes das navalhas. Para sentir algo. Algo que o distraia de si mesmo. Hipervaidade. Cada hiperser internamente esgotado precisa de um hipermundo infindável. Instabilizado. Controlado pela hiperliberdade de ter de lidar com cada vez mais novos hiperprodutos que acalentam, suprem e o tornam motivado. Estímulos intermitentes. Espíritos hiperindependentes. Desejos e necessidades. Previsíveis maquinários. Projetados como robôs. Fetiches marombados & uniformizados. Escudos diante da mortalidade. Hipercorpos expostos nas hipervitrines como obras de arte. Performando sucesso e eficiência para atrair outros hipercorpos consumíveis com raspas de amabilidade. Compartilhando pela rede suas experiências fabricadas. Para que haja uma hipersociedade que exale comodidade, conectividade, afetos numéricos, confiança mútua e hospitalidade.

no escuro

me perco
enquanto ego

pequeno frágil
incompleto

saio da luz
não fico cego

tateio
me encanto

avisto a alma
distraído

meus desejos
distingo

ações futuras
germino.

5 de junho de 2025

reprisou

o dinheiro
que arrecadou
e não precisou
embolsou
 
ponderou
um trabalhão
devolvê-lo
a quem doou.

3 de junho de 2025

a negatividade necessária

em nome da paz
intuição é sacrificada
em nome do autocuidado
consumismo é justificado
em nome da amizade
bajulação é alcançada
em nome da felicidade
embruteces a alma.

compulsões

likes
controle
aparência
autopunições

autodesprezo
desprazeres
abandonos
rejeições
 
profecias
autorrealizáveis
incontáveis
lesões.