em todo canto
faz questão
de mostrar
apontar falar exibir
os vários admiradores
que a querem
requisitam para sexo
espalhafato
clamando
pela atenção
de um séquito de seguidores
intermitentemente
alimentado e mantido
para o desfrute do ego
carente
de si
megalomania
e infantilismo
envenena a alma
corrói o respeito
simpatia esfarela.
sequestrada pelas emoções
aposta de cassino
para o ególatra
qualquer aceno é carinho
bomba dopaminérgica
adicta da gratificação
uma dose que lhe dão
já virou seu amigo
no porão
o vazio
expresso nos excessos
cada vez mais explícitos
para não desmoronar
dá o que eles querem
um pedaço do seu self
discurso vitimista:
é tão difícil essa vida
não se pode descuidar da aparência
tem que abrir os olhos
cobrar responsabilidade afetiva.
caminhando
e meditando
revejo
o sol nascendo
na alma
a lembrança
sua seu lar
sua biblioteca
um bom tempo
dedicado à formação
aprendizado
através da percepção
da dor
do pensamento
escrutinando
histórias de vida
personagens
enredos
estrutura emocional
em desenvolvimento
respeito
sua autonomia
sua estabilidade
sua independência
econômica intelectual
não aceita a objetificação
enquanto liberdade
igualdade de direitos.
tem início a revelação
aquilo que está latente
transparece
dependendo do lugar
um personagem
atirando para todos os lados
aguardando validação
pseudos amigos
vão dando as deixas
do que fazer
como se portar
onde deve estar
para ter uma justificação
ele aceita pois não descobriu
se são suas as decisões.
privado
de suas necessidades
afetivas básicas
condicionado
a buscar distrações
recompensas do mercado
por atenção faz qualquer coisa
ratinho testado
para impressionar
o comportamento alheio
reforços intermitentes
charme da dramaticidade
adolescência
estendida
responsabilidade evitada.
para a banda
falta de identidade
para a arte
não acrescenta nada
para a cultura humana
nenhum legado.
por si mesmo
a banda toca diferente
emoções harmonizam-se
com os sentimentos
você não é um experimento
cedendo sempre
aos modismos para agradar
adolescente
louco por pertencimento
olhares curiosos
um leve girar de cabeças
dois sorrisos surpresos
simultaneidade
solidão feita aprofundamento.
Gosto dos conflitos, mas não de qualquer conflito. Existem alguns que são tão clichês que sequer valem o sacrifício. Se não conseguiram responder ao essencial em suas vidas. Se são sujeitos ou objetos para si mesmos. Curtindo mutuamente suas feridas e se sentindo como troféus que por aí desfilam. Há que se assumir esse risco: a sua presença, o seu tempo, a sua iniciativa. Mas, se fogem tentando escapar do desconforto e encontrar qualquer tipo de desvio. Algum dia talvez saiam desse limbo. Disfarçado de escolha, poder ou discernimento de indivíduos livres. Atendendo às expectativas que lhes permitam serem desejados, jamais respeitados, como quem se emociona desesperadamente diante de quaisquer migalhas afetivas – viciados em recompensas por pertencerem a uma rede que lhes quer cada mais necessitados, compulsivos, medíocres. Temperamento sem filtro é força cega, não posse de si. Caráter? Personalidade? Aceito minha responsabilidade por estender o benefício da dúvida, apesar dos sinais, incorporo o aprendizado e sigo.
Passport
Spyro Gyra
Crusaders
Jaco Pastorius
Frank Zappa
John Coltrane
Dave Brubeck
Us3
Miles Davis.
De onde parte essa peculiaridade? Na trilha rumo à serra surge tal curiosidade. Mãos dadas. Conversas sobre nossas afinidades. Musicais, literárias, cinematográficas. Aquilo que é íntimo se alastra. Convite para conhecer. Espaço de privacidade. Sinais de segurança. Equilíbrio. Organização que reflete sua personalidade. Referências familiares. Sobre qual estrutura moldamos nossos valores elementares. Confiança. Convivência. Vidas que não se fundem. Associam-se. Transbordadas. Troca. Compromisso. Maturidade permite reciprocidade. Sensibilidade direcionada. Informação. Metacognição. Desconforto e angústia confrontados.
no início
ouvimos
absorvemos
observamos
congruência entre
o que expressamos
e o que fazemos
procuramos
afinidade
descobrimos
vulnerabilidade
compartilhamos
negociar respeito
não precisamos
valores inegociáveis
acordos orgânicos.
perco o interesse
tão bizarro é o show
desqualificar
fingindo brincar
atos falhos mentiras
desde que iniciou
triangulação
nojo e asco
foram necessários
num primeiro momento
indiferença
é tudo o que restou.
estoque
alimentado
com migalhas
estas couraças
não têm
consistência
escarnecem
da própria
dignidade.
riso alto
fala gritada
comparsas
validação
externa
compartilhada
revela
medo
insegurança
vulnerabilidade
personas
moldadas
compulsividade
por seguidores
que igualmente
imploram
por reforço
e não quebrarem.
O que você quer coincide com o que você queria? Há ligação entre quem você é e quem já fora algum dia? Qual a sua mais bela frustração, meu amigo? Você carrega os fardos porque eles te facilitam na descida? À quais atos a sua vontade lhe instiga? À nobreza? À bem-querença? Uma vida digna? O seu desejo é a estrela que lhe guia? É o seu orgulho aquele que prescreve os valores que lhe glorificam? Ou será sua vaidade a mola mestra de toda a sua maestria? Homens voam longe, mas vivem submetidos às suas próprias avarias. Alguns já bastante fartos de um manjar apodrecido. Como me ensinava Nietzsche.
orgulho da virtude
entendida como meio
ponte entre valores
e comportamentos
persistência experiência
muitos desvios com o tempo
gratificações momentâneas
prazeres supérfluos
inércia
separação integração
do interior e do exterior
trabalho com o self
caminhar é perceber
silêncio para simbolizar
estar em paz
consigo mesmo.
