revi o sentimento
que fez de minha alma
seu habitat
razão foi parceira quando
juntas
começaram a tramar
o estar no mundo
com um mundo
a cuidar
das ações e relações
para a convivência
não soçobrar.
revi o sentimento
que fez de minha alma
seu habitat
razão foi parceira quando
juntas
começaram a tramar
o estar no mundo
com um mundo
a cuidar
das ações e relações
para a convivência
não soçobrar.
encontrei um casal
transcendendo o imediato
transgredindo o usual
com posicionamento
diante da moral da especulação
a colisão me mostrou
quão revolucionário é o amor
em contraste com o pseudo afeto
remédio ineficaz do sexo casual
para abafar os sintomas da solidão
ambos não cediam
suas consciências
para que outros
assumissem as responsabilidades
por suas ações.
os estudos
e a escrita de um mês atrás
foram cruciais
para o entendimento
de quão esdrúxula e falsária
era a situação
a realidade de hoje
repleta está de admiração
pelo jeito sincero
de estabelecer
e manter
uma profunda conexão
a pele acarinha
os olhos brilham joviais
os corpos vibram juntos
suaves são os toques entre as mãos
quando intensa é a energia
não se esvai em motivos vãos
felicidade é individual
não é promessa
acontece quando o de dentro
os versos e os sons
são condizentes
ressoam com e no interior.
Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra.
Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração reto, e aos não flexíveis e submissos.
Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre – ou quase sempre – mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estuta estupidez.
Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração reto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reivindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.
quando bate aquela angústia
e fosca é a expressão
procura encará-la de frente
ou aceita o band-aid existencial?
quando transparece o vazio
tenta preenchê-lo imediatamente
para não mergulhar
no autoconhecimento primordial?
caridade ostentação
contatinhos
festas para celebrar os prazeres
que sequer esbarram na realização?
quantos amores reais
deixa passar
para sorver a ilusão do poder
o destaque social?
quanto da sua energia vital
sacrifica para fazer de si
uma quase pessoa que tudo quer
mas nada faz pelo seu ser integral?
ainda que queira
ao sentir tem horror
ainda que finja
odeia o amor
ainda que chore
encena a dor
força os músculos
torce a feição
tenta burlar a fila
bizarra é a compulsão
em qualquer canto
em que não lhe reconheçam
o alto valor
como uma criança
pega em flagrante
dissimula
recorre às mentiras
projeta as acusações
para quem ousou
confrontá-la
na presença de mais alguém
recorre à falácia da vitimização
volta ao início do ciclo
tenta recolocar a máscara
que já se desgastou
fala de planos
que mais uma vez
só o seu egoísmo projetou
tenta sorrir
mas não há brilho algum
quando mecânico é o interior.
empatia
é um potencial
qualquer indivíduo
que teve respeito
em sua formação
desenvolve sua base moral
quer transcender o ego
buscando o outro
para uma troca relacional
onde ambos se aprofundem
na dialética de suas composições
emocional/racional
o de fora
reflete o de dentro
não é algo incidental.
ciclo vicioso de mentiras
para encobrir outras mentiras
fugindo das responsabilidades
convencidas
de suas projeções
personas
necessitam de toda atenção
em
seus próprios jogos
se autossabotam
revelam o que são
você aprende observando
o
que transparece com a repetição
intuindo
distingue os fatos
de suas contraditórias versões.
no interior
de uma nuvem
estou
como partícula
me conecto a você
juntos em evolução.
simplicidade
honestidade
senso de proporção
insistência
coerência entre seus valores
e suas ações
não se abala
com as chantagens
de uma castazinha
que não admite
uma vida coletiva
sem privilégios ou distinções.
vasculhando as clausuras
de algumas interioridades
encontrou podridão e miséria
lixeiras transbordadas
seres amedrontados
invalidados dando carteiradas
roendo as unhas
odiando todas as originalidades
que desdenham das falsas qualidades
de um amontoado de produtos arruinados
devolvidos ao seu nicho para serem
justa e devidamente estraçalhados.
estrategistas usam palavras
não para conexão
mas para a manipulação
inverter e confundir
para gerar confusão
essa é a tática
inteligência emocional negligenciada
dedicação voltada ao poder e ao status
em uma só pessoa um rastro de atrocidades
tragada pela angústia e pelo abandono
embriagada desse veneno que os corrompem
toda a semeadura morre envenenada.
no abrir das cortinas
viu-se o oco
um buraco vazio
que não ia além
das imitações triviais
movimentos gestos
palavras
expressões sorrisos
sotaques
padrões
que se repetiam
nas cenas
mais elementares
por trás das máscaras
não havia pessoas reais
somente uma trupe de patéticos avatares
misto de todos e todas que plagiaram
para
uma boa impressão forjarem
tomados pela revolta
os expectadores
do palco os expulsaram
acabando de uma vez com aquela fraude
momentos apreciáveis
de resistência
e maturidade
radiante espontaneidade.
Hoje revisitei uma série de personagens inesquecíveis. Desafoguei-me desse enxame de ideias fugidias. Que zanzava. Digladiando em conluio. A colmeia das memórias afetivas. Em tempo. Pude ser assertivo. Detalhando os fatos. Quando eles. Após esgotarem suas escusas medíocres. Da moldura. Se desprendiam.
“Quando cometer um erro, não tenha medo de corrigi-lo.”
“Ser coerente com as próprias palavras é ter moral, no sentido de que isso faz com que as palavras dessa pessoa possam ser repetidas.”
“O cavalheiro não almeja nem uma barriga cheia nem uma casa confortável.”
“Não é quando os outros falham em apreciar as suas habilidades que você deveria ficar incomodado, mas, antes, quando você falha em apreciar as habilidades dos outros.”
“Guie-o pela virtude e o povo, além de ser capaz de sentir vergonha, reformará a si mesmo.”
“Veja os meios que um homem emprega, observe o caminho que ele toma e examine a circunstância em que ele se sente confortável. Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se?”
“O cavalheiro associa-se com pessoas, mas não entra em clubes; o pequeno homem entra em clubes, mas não se associa com ninguém.”
“Não fazer o que é certo demonstra falta de coragem.”
“Há alegria sem futilidade, e tristeza sem amargura.”
“Os erros de um homem são condizentes ao tipo de pessoa que ele é. Observe os erros e você conhecerá o homem.”
“Não há razão de buscar as opiniões de um cavalheiro que tenha vergonha da comida simples e de suas roupas pobres.”
“Nas suas relações com o mundo, o cavalheiro não é rigidamente contra ou a favor de nada. Ele fica do lado daquilo que é justo.”
“O cavalheiro entende o que é moral. O homem vulgar entende o que é lucrativo.”
“Do mesmo modo que não quero que os outros mandem em mim, também não quero mandar nos outros.”
“Palavras ardilosas, rosto adulador e absoluta subserviência: essas coisas considero vergonhosas. Ser amigável com alguém enquanto escondemos nossa hostilidade, também considero vergonhoso.”
“Acho que devo abandonar as esperanças. Ainda estou para conhecer o homem que, ao ver os próprios erros, seja capaz de se criticar internamente.”
“Um cavalheiro dá para ajudar os necessitados, e não para manter os ricos em uma vida farta.”
“Seja um cavalheiro, não um mesquinho.”
“Quando a natureza de alguém prevalece sobre a educação recebida, o resultado será uma pessoa intratável. Quando a educação prevalece sobre a natureza, o resultado será uma pessoa pedante. Apenas uma mistura bem equilibrada das duas resultará em cavalheirismo.”
“Um homem sobrevive graças à sua retidão. Um homem que engana os outros sobrevive graças à sorte de ser poupado.”
“Ele pode ser enganado, mas não pode ser feito de bobo.”
“Estas são as coisas que me causam preocupação: não conseguir cultivar a virtude, não conseguir ir mais fundo naquilo que aprendi, incapacidade de, quando me é dito o que é certo, tomar uma atitude e incapacidade de me reformar quando apresento defeitos.”
“Se a riqueza fosse um objetivo decente, eu, para obtê-la, estaria disposto até mesmo a trabalhar como um zelador do lado de fora do mercado, com um chicote na mão. Se não é, devo seguir minhas próprias preferências.”
“Não tenho qualquer esperança de encontrar um homem bom. Eu ficaria contente se encontrasse alguém constante. É difícil considerar constante um homem que diz ter quando lhe falta, que diz estar cheio quando está vazio e estar confortável quando está em circunstâncias difíceis.”
“Sou um homem de sorte. Sempre que cometo um erro, as outras pessoas percebem.”
“Extravagância significa ostentação; frugalidade significa desalinho. Eu preferiria ser um maltrapilho do que um ostentador.”
“Um cavalheiro tem a mente tranquila, enquanto um homem vulgar está sempre tomado de ansiedade.”
“As qualidades de um homem tão talentoso não mereceriam atenção se ele fosse arrogante e egoísta.”
“Não se pode senão ficar satisfeito com palavras elogiosas, o importante é reformar a si próprio.”
“A prática da benevolência depende inteiramente da própria pessoa, e não dos outros.”
“Um cavalheiro é tudo menos casual quando se trata de linguagem.”
“Quando as pessoas tornam-se ricas, que outro benefício pode-se acrescentar? Educá-las.”
“Se uma pessoa não demonstra uma virtude consistente, essa pessoa passará vergonha.”
“O cavalheiro fica à vontade sem ser arrogante; o homem vulgar é arrogante sem ficar à vontade.”
“(…) Meu mestre falava apenas quando era o momento de ele falar. De modo que as pessoas nunca se cansavam da sua fala. Ria apenas quando se sentia feliz. De modo que as pessoas nunca se cansavam de seu riso. Aceitava alguma coisa apenas quando era certo que o fizesse. De modo que as pessoas nunca achavam que ele aceitava demais.”
“Promessas feitas imodestamente são difíceis de cumprir.”
“Os homens de antigamente estudavam para aprimorar a si próprios; os homens de hoje estudam para impressionar os outros.”
“Deve-se pagar a injúria com a retidão, mas pagar com uma boa ação apenas uma boa ação.”
“Aquilo que um cavalheiro procura, ele procura dentro de si próprio; aquilo que um homem vulgar procura, ele procura nos outros.”
“Não há sentido em duas pessoas que tomam caminhos diferentes se aconselharem uma com a outra.”
“Fazer amizade com aqueles que são subservientes em suas ações, agradáveis na aparência e eloquentes no discurso, é prejudicar-se.”
“Ter prazer em se exibir, em levar uma vida dissoluta e em comer e beber é prejudicar-se.”
“Apenas os mais sábios e os estúpidos não mudam.”
“Quando um homem vulgar comete um erro, ele com certeza tenta mascará-lo.”
apesar das aparências
vegetam desconectados
interioridades relegadas
pouco fazem para se aperfeiçoarem
inseguros
ofendem-se se não ganham validação
quando suas fantasias
não correspondem aos fatos
mentem
dissimulam
creditam-se distinções
por não demonstrarem fragilidades
se lhes mostram quanta inveja
mantêm
camuflada
são ágeis defendem-se
com a arrogância de praxe
esvaziados de empatia
compaixão: coisa para os fracos
triangulam competem por prestígio
objetivos sempre descartáveis
motivo de vergonha
transforma-se em orgulho
pavoneiam-se com as meritocracias
realçam a tirania da superficialidade.
encontrei um panda
dentro de mim
ele estava tranquilo
como se me pedisse uma nota
para acompanhar o seu ritmo
seus olhos refletiam
com as patas sobre a grama
transmitia suavidade
gestos que para a integralidade
confluíam
tiramos uns sons
fizemos nossas estripulias
trocamos referências
apaziguamos a nós mesmos
numa tarde inesquecível.
Amadureci quando descobri que, apesar de não achar normal tal situação, prefiro ser o enganado e não o enganador. Quando percebi que quero uma pessoa para amar e não para mostrar. Fazer inveja para uma plateia sedenta por veneração. Entendi o infantilismo e a fobia de envelhecer quando escolhi ser eu mesmo e deixar o que a criança e o adolescente necessitaram e aprenderam ao criar a identidade que agora já frutificou. Amadureci quando preferi a qualidade à quantidade. A convivência e não a farsa arquitetada por quem se enclausura como vítima em sua própria prisão. Quando optei por confiar em minha intuição e não na opinião das sombras que o medo faz surgir como meio de não se responsabilizar. Por saber que os olhos, o corpo todo, não tem mais brilho. Pois numa casca se transformou. Fazendo as palavras jorrarem quando o coração, saturado de toda a encenação, transborda a miserabilidade que tanto carregou.
retira a culpa
inclui a responsabilidade
desdenha do êxito momentâneo
as ninharias da facilidade
vive com os próprios valores
envolvimento
discernimento
não abdica dos seus ideais
fama é migalha coça a vaidade
sequer toca a dignidade
não faz concessões aos utilitarismos
por ser inegociável.
atitude
e poesia
faz e diz
o que traz dentro de si
como singularidade
vontade de ouvir
sem necessidade
de contrato
para repartir.
conheci sua melodia
que não tergiversa
nem tem pressa
de acabar
seu timbre incrementa
acalenta
curiosidade
instigado pra trocar.
após o escaneamento
acontece o espelhamento e a projeção
imitação ocultação do vazio existencial
necessidade do suprimento interminável
depois há o fingimento da humildade
exposição humilhação das novas conquistas
humanidades para a sua exaltação
perante a plateia que também é ludibriada.
um hd externo
não seria suficiente
para as suas ideias de grandeza
nesse falso self
e os jogos da inconstância
nenhuma atitude se sustenta.
pessoas exalam frequências
ressoam pelos universos
sem originalidade
não há encontro
os sons não reverberam.
conversa macia
quase convincente
imagem projetada
boa pinta para todos e todas
farsa escondida
inclusive de si mesmo
centro das atenções
viagens caridades
muitos casos parcos afetos
contatos todo o tempo
para que o mundo enxergue
quão bom e requisitado ele é
sedução
competição
dissimulação
padrão que se repete
em todos os ambientes
em que ele freneticamente se insere
quão inflado ele precisa estar?
quão esvaziado ele se sente?
quão desgastante é sustentar as mentiras
que ele conta, mas só conseguem
afogá-lo em seus espelhos?