O Ultrapassado
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Tutela
Um pé de laranja não produz amora. Isso pode parecer óbvio. Mas às vezes a gente se enrola. Esquece que é a gente quem escolhe. Quem fica e quem será convidado a cair fora. Ao distinguir aquele que está ali com o que é daquele que anda escorado por quem, pelo serviço, lhe faz de fantoche. Impondo as ideologias que quase os sustentam, não fosse o fato de que a marionete incansavelmente gravite à sua volta. Você nota. As narrativas e ações que revelam como ele se move. “Vamos dar o golpe em algum tiozinho”, “fazer algum vandalismo pelas ruas da cidade”, “que lugar é esse que eu não conheço, essa semana vou vir aqui sem falta” - como se a vida vivida com paz, estabilidade, não fosse sequer uma possibilidade. Você entende o que é viver em um carrossel emocional, onde tudo é tão corriqueiro, banalizado, a busca por prazeres contínuos é tão intensa, que já não é capaz de se manter sem enfado. Comparação e confusão fazem com que se embaralhe. Questionado, desespera-se, gagueja, ataca. Sem sequer um argumento válido. Não há tempo para processos, construções a longo prazo, tudo deve nascer e morrer de imediato. Você parte. Porque não há nada que lhe conecte. Reciprocidade. O outro apela com aquilo que outrora funcionara. Desembesta a falar de seus traumas como se isso pudesse cavucar alguma comoção, assim pelo simples ato, e o seu balão voltasse a inflar, os personagens conflitantes encontrassem algum tipo de equilíbrio imaginário e conseguissem permanecer sem se esfarelarem. Por mais algum tempo. Como me disse PKD: esse habitual passageiro implacável.